Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 2 ‐ Horário: 10:37‐10:42 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: Na América Latina, o Brasil tem o maior número de casos de Aids e representa mais de 40% de todas as novas infecções na região. O uso de antirretrovirais para Profilaxia Pré‐Exposição (PrEP) foi recentemente recomendado pela Organização Mundial de Saúde como uma intervenção eficaz para prevenir a transmissão do HIV.
Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico dos usuários de PrEP em uma unidade da rede especializada em atendimento de DST/Aids do município de São Paulo, desde a sua implantação, em fevereiro de 2018.
Metodologia: Foram identificados todos os indivíduos em uso de PrEP (entricitabina/tenofovir) em uma unidade especializada em atendimento de DST/Aids do município de São Paulo, através de consulta ao Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (Siclom) do Ministério da Saúde. Dados epidemiológicos, como idade, sexo e orientação sexual, e fatores de risco associados à infecção pelo HIV foram analisados. Também foram coletados dados sobre eventos adversos associados à PrEP, casos novos de infecção pelo HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Resultado: No período do estudo, foram identificados 79 usuários da PrEP, a maioria do sexo masculino (71; 89,9%) e homossexuais (64; 81%). Desses, 41 (51,9%) foram incluídos no estudo ImPrEP (projeto para implantação da PrEP ao HIV no Brasil, México e Peru), em parceria com a Fiocruz; os demais tiveram acesso à PrEP pelo SUS. A mediana de idade foi de 33 anos (19‐66). Entre os fatores de risco associados à infecção pelo HIV, 32 pessoas (40,5%) fizeram uso de Profilaxia Pré‐Exposição (PEP) no último ano, 23 (29,1%) referiam ter parceiros infectados pelo HIV e 13 (16,5%) tinham histórico de outras IST. Dos 53 usuários de PrEP havia mais de 30 dias, 23 (43,4%) relataram eventos adversos, principalmente alterações do trato gastrointestinal. Não foram identificados eventos adversos graves ou comorbidades que justificassem a interrupção da PrEP. Sete usuários (8,9%) descontinuaram a medicação, todos por decisão própria. Não houve casos de infecção pelo HIV em usuários de PrEP até o momento. Foram identificados quatro casos (5,1%) de outras IST após o início da PrEP
Discussão/conclusão: A PrEP tem se mostrado uma importante ferramenta para a prevenção combinada do HIV e outras IST, especialmente em homens homossexuais. A medicação foi bem tolerada pelos usuários, com boa adesão e sem eventos adversos graves. Estratégias para o recrutamento e retenção de outras populações, como mulheres, transexuais e profissionais do sexo, são necessárias.