A facilidade de uso e o tempo de resposta rápido dos testes de antígenos oferecem o potencial da sua realização de forma descentralizada e a expansão do acesso ao diagnóstico, possibilitando a interrupção da transmissão por meio do rápido isolamento de casos atuando como uma estratégia de contenção da COVID-19. Objetivo Avaliar a custo-efetividade do teste rápido de antígeno (TR) no diagnóstico de COVID-19 versus RT-PCR por simulação computacional, na perspectiva de uma operadora de saúde.
MétodosO modelo foi populado em uma coorte retrospectiva de jan a ago de 2021 de 38.000 pacientes com sintomas sugestivos de COVID-19 atendidos para realização de diagnóstico. Avaliou-se duas estratégias: uso do RT-PCR ou teste de antígeno. Enquanto aguardam o resultado do RT-PCR (média de 2 dias) os pacientes permanecem sem isolamento. Dados de performance dos testes foram obtidos da literatura. Considerou-se a prevalência regional de infecção de 6% e que novos casos ocorridos no período teriam 19% de probabilidade de hospitalização, com custo médio de R$ 45.000, e destes, 38% evoluiriam a óbito, segundo dados publicados. Avaliou-se dois cenários de taxa de transmissão (Rt), 1,2 e 1,6. O custo dos testes foi de R$35 para o TR e R$140 para o RT-PCR. Os desfechos avaliados foram: Pessoas com COVID-19 sem isolamento após o teste; Dias com COVID-19 sem isolamento; Novos casos de COVID-19; Hospitalizações por COVID-19; Mortes por COVID-19; Custo por paciente e as razões de custo-efetividade incrementais para custo por novo caso evitado, custo por hospitalização evitada e custo por morte evitada.
ResultadosEm ambos os cenários de Rt a estratégia de diagnóstico com o TR foi dominante versus o RT-PCR, com redução no custo total por paciente de R$ 646 e R$ 827 (Rt 1,2 e 1,6, respectivamente) e redução dos desfechos clínicos indesejados avaliados. Considerando 38.000 testes de antígenos realizados, a economia total variou de R$ 24.5 MM a R$ 31.4 MM e foram evitados 2406 a 3208 novos casos de COVID-19, 457 a 609 internações e 172 a 230 óbitos, com Rt de 1,2 e 1,6 respectivamente.
ConclusãoA estratégia de diagnóstico de pacientes sintomáticos com TR foi dominante versus RT-PCR, com redução de custos e melhora nos desfechos epidemiológicos e clínicos. Por ser um teste rápido, auxilia na tomada de decisão do manejo de pacientes, como o isolamento e o informe de contatos próximos, implicando em melhor gestão da doença e redução de custos totais.