12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPESP
Nr. Processo: 2019/21440‐5
Introdução: A melhora da sobrevida das pessoas que vivem com HIV após o uso de terapia antirretroviral depende de sua adesão, a qual está ligada ao modo de entendimento da doença, à revelação diagnóstica, à presença de rede de apoio, às barreiras sociais e aos impactos psicológicos do diagnóstico.
Objetivo: Compreender a experiência psicossocial de pessoas que vivem com HIV e elaborar modelo teórico que a represente.
Metodologia: Pesquisa qualitativa analisada segundo a Teoria Fundamentada nos Dados e os resultados discutidos à luz do Interacionismo Simbólico, com portadores do HIV, acompanhados em um serviço especializado em Botucatu, São Paulo. A técnica de coleta de dados foi a entrevista não diretiva, sendo audiogravadas e transcritas na íntegra. A saturação teórica deu‐se a partir da análise da 18ª entrevista.
Resultados: A partir da análise dos dados emergiram seis subprocessos: doença não se revelando a princípio, descobrindo‐se com HIV, buscando estratégias de enfrentamento do diagnóstico, enfrentando dificuldades, percebendo as ideias pré‐concebidas sobre o HIV e visão atual. A partir do realinhamento desses subprocessos obteve‐se a categoria central (processo/modelo teórico): da culpabilização e negação à resignação na vivência com o HIV.
Discussão/Conclusão: O diagnóstico da infecção pelo HIV ainda está permeado pelo estigma da aids e pelo pouco conhecimento populacional sobre o assunto, o que é refletido pela reação inicial de temor do futuro, com receio do adoecimento e da morte. Dessa forma, a reação inicial está muito relacionada à negação do quadro e culpabilização do parceiro ou de si mesmo. Aqueles que aceitam o diagnóstico e aderem ao tratamento, o fazem com resignação, mas ainda mantém como fortes alicerces em sua vivência com o HIV o segredo diagnóstico, possuindo poucas figuras de apoio em quem confia. O principal impacto da infecção se dá nos relacionamentos, devido ao receio de não aceitação pelo parceiro, a constante pressão de como contar o diagnóstico, a mudança do modo como o próprio indivíduo se vê e o medo de transmissão, o que, em alguns casos, faz com que evitem se envolver em relacionamentos sérios. Apesar de, atualmente, a aceitação diagnóstica parecer preponderar, alguns indivíduos percebem até melhoras em sua vida e sentem‐se esperançosos com o futuro, porém observa‐se que a resignação vista ao diagnóstico se mantém. Apesar de poucas experiências de adoecimento e boa adesão medicamentosa, o futuro ainda é visto com medo, mantendo‐se o fantasma do adoecimento.