12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Com o advento da terapia antirretroviral (TARV) houve uma diminuição da incidência de doenças associadas à aids. No entanto, internação em pacientes com infecção pelo HIV em Unidades de Terapia (UTI) continua aumentando, devido ao diagnóstico tardio da doença. Além disso, o uso de antirretrovirais em pacientes críticos é controverso, já que são poucas as informações que estão disponíveis para guiar esta terapia. O verdadeiro impacto da TARV sobre a mortalidade em pacientes de UTI ainda não foi demonstrado.
Objetivo: Avaliar o uso da TARV em pacientes HIV positivos criticamente enfermos, internados em um hospital de doenças infecciosas.
Metodologia: Realizou‐se um estudo observacional de coorte, retrospectivo, de pacientes HIV positivos internados na UTI do Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), no Estado do Ceará, no período de janeiro de 2018 a janeiro de 2019. Os dados foram coletados através da revisão de prontuários.
Resultados: No período do estudo, 86 pacientes foram incluídos. A maioria era do sexo masculino (73,3%), e a mediana de idade foi de 38,5 anos (IIQ=30‐49). As principais disfunções orgânicas observadas foram respiratória (85,9%), neurológica (37,2%) e cardiovascular (10,5%). Os diagnósticos mais reportados na admissão foram sepse pulmonar (51,1%), pneumocistose (34,8%), neurotoxoplasmose (30,2%), histoplasmose disseminada (18,6%) e tuberculose (10,5%); 37,2% dos pacientes já fazia uso da TARV antes da internação. Dos que tiveram o diagnóstico durante o internamento (54/86), foi iniciado TARV em 76%. O esquema mais utilizado foi tenofovir, associado com lamivudina e dolutegravir. A via mais utilizada para administração foi a sonda nasoenteral. Nos pacientes que receberam alta, não houve diferença no tempo de internação em relação a administração ou não da TARV (p=0,16). Naqueles que foram a óbito, os que usaram TARV na UTI permaneceram mais tempo internados (p=0,00).
Discussão/Conclusão: A administração de TARV nos pacientes internados na UTI deve ser individualizado. O uso de TARV na UTI não teve impacto na mortalidade, e apenas prolongou o tempo de permanência na UTI nos pacientes que foram a óbito.