Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 8 ‐ Horário: 13:58‐14:03 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: O manejo da criptocococose na gestante com HIV é desafiador, se considermos a escassez de estudos nessa população, as características farmacocinéticas dos antifúngicos e seus potenciais teratogênicos.
Objetivo: Relatar um caso de criptococose em gestante com HIV.
Metodologia: Gestante de 16 semanas, 20 anos, admitida com queixa de cefaleia. Diagnóstico recente de HIV/Aids, em uso de Lamivudina + Tenofovir + Efavirenz havia 23 dias. Exames: líquor: uma célula, proteína 15mg/dl, glicose 53mg/dl, látex para Cryptococcus e tinta da China positivos; exame sérico pelo método ensaio de fluxo lateral para detecção do antígeno criptocócico (LFA CrAg) positivo; culturas (líquor, urina e sangue periférico) crescimento de C. neoformans; ressonância magnética de encéfalo: normal; CD4 13 cels/mm3 ‐ CV HIV 683 cópias. Iniciado tratamento com Anfotericina B Lipossomal (AmBL) 4mg/kg/dia e 5 Flucitosina (5‐FC) 100mg kg/dia. Efavirenz foi substituído por Raltegravir. Após início do tratamento, a paciente evoluiu com resolução da cefaleia e não apresentou complicações, como hipertensão intracraniana ou insuficiência renal aguda. Recebeu 90 dias de AmBL e 14 dias de 5‐FC. Modificada terapia para Fluconazol 400mg/dia com 29 semanas. USG obstétrico (30 semanas) sem alterações. Criança exposta nascida a termo, parto vaginal. Até o momento encontra‐se assintomática, com desenvolvimento adequado. Tem duas cargas virais para HIV negativas. A paciente continua em uso regular de antirretrovirais. Evolui com carga viral indetectável e melhoria dos valores de CD4. Não apresentou recidiva de criptococose nem clínica compatível com síndrome inflamatória de reconstituição imune após o parto.
Discussão/conclusão: Dados sobre criptococose em gestantes são limitados. Segundo estudo recente, até o momento existem 50 casos descritos, nove em gestantes com HIV. Uma revisão sobre uso de antifúngicos na gestação analisou os medicamentos disponíveis e as evidências de segurança em relação à toxicidade. A Anfotericina B é o mais seguro para tratamento de criptococose na gestação, único classificado como categoria B pelo FDA. Neste caso, a paciente fez uso por mais de 12 semanas de AmBL, com boa resposta, sem complicações e sem recidiva da doença. Apesar da exposição ao Fluconazol no terceiro trimestre de gestação, a criança não apresentou malformações associadas ao uso desse medicamento. A partir do caso relatado com desfecho favorável, sugerimos o tratamento prolongado com AmBL por apresentar maior segurança.