Ag. Financiadora: Fapeg
N°. Processo: 17.809
Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 8 ‐ Horário: 13:51‐13:56 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A criptococose é uma infecção fúngica oportunista, causada pelo complexo de espécies Cryptococcus spp, que frequentemente atinge pacientes com Aids. A detecção de antígeno capsular criptocóccico (CrAg) em HIV + com CD4 baixo é recomendada pela OMS desde 2011. A técnica lateral flow assay (LFA) é inovadora e tem sensibilidade em sangue reportada de 100% (97,4–100), especificidade de 96,8% (93,7–98,6) e valor preditivo negativo de 100% (98,1–100). Entretanto, casos de criptococcose com CrAg negativo já foram reportados na literatura.
Objetivo: Descrever um episódio de antigenemia criptocóccica por LFA falso‐negativa, por possível efeito prozona.
Metodologia: Paciente masculino, 57 anos, HIV + havia 13 anos, sem acompanhamento. Internação recente em 12/2017. CD4=42 cél/ml (5%); CV=805.439 cóp/ml (log 5,9); CrAg por látex e hemocultura para fungos negativos. Avaliado em 29/01/2018 com queixa apenas de fraqueza. CrAg por LFA em sangue negativo, foi orientado seguimento clínico e adesão à TARV. Hemocultura pareada resultou positiva para Cryptococcus spp, porém houve perda de seguimento. Em 05/2018 retornou assintomático, recuperara 30kg e em uso regular de medicações. Os exames de CrAg por LFA e Látex foram reagentes, em titulação 1:64 pelo último método. Hemocultura e urocultura para fungos negativas. Novo CD4=223 cél/ml (11%) e CV<limite. LCR: leucócitos 5, hemaceas 23, glicose LCR 62, proteína 53, CrAg LFA negativo, pesquisas e culturas negativas. Tomografia computadorizada de tórax evidenciou nódulo com densidade de partes moles e contorno regular no segmento anterior do lobo superior do pulmão direito, media 2,2×1,2cm. Optou‐se por tratamento de criptocccose pulmonar com fluconazol 800mg/2 semanas, seguido de fluconazol 400mg/6 meses.
Discussão/conclusão: Entre as causas de CrAg falso‐negativo podemos enumerar: baixa carga fúngica; reação de prozona devido a altos títulos de antígenos (> 1:256); presença de imunocomplexos que impedem liberação de Glucuronoxylomanana; cepas hipocapsulares ou acapsulares de Cryptococcus spp. O caso relata uma reativação de criptococcose pulmonar em imunodeprimido, com provável efeito prozona de CrAg por LFA. TARV regular e recuperação imune auxiliaram no desfecho sem gravidade. Apesar da alta acurácia do teste antigênico por LFA, a avaliação clínica criteriosa, a feitura de culturas e o seguimento adequado são relevantes para uma melhor condução de pacientes imunodeprimidos em rastreio de CrAg.