12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O Cryptosporidium é um parasita causador de infecções recorrentes em animais, porém pesquisas recentes demonstram um aumento de infecções em seres humanos, principalmente pelas espécies Cryptosporidium parvum e C. hominis. A transmissão do protozoário ocorre por via fecal‐oral e está relacionada com a contaminação de água (piscinas, rios, lagos, abastecimento de água portável) e alimentos, sendo capaz de gerar surtos.
Objetivo: Relatar as medidas adotadas para controle do surto por Cryptosporidium spp em Unidade de Terapia Intensiva.
Metodologia: Relato de caso sobre um surto por Cryptosporidium spp. ocorrido em uma unidade de terapia intensiva de hospital público do norte do Paraná, no mês de outubro de 2020. O surto foi identificado após análise microbiológica de fezes (diarreia líquida) com frequência de até 11 evacuações ao dia em 5 pacientes. Para conter a transmissão do parasita, foram realizadas as seguintes medidas: 1) Investigação da qualidade da água administrada aos pacientes e local de estocagem; 2) Desinfecção terminal do setor, a fim de reduzir a disseminação do Cryptosporidium spp no ambiente; 3) Esterilização das bacias após cada banho no leito, até o término do surto; 4) Discussão com a equipe de enfermagem sobre a sequência e cuidados durante o banho para evitar a transmissão fecal‐oral; 5) Reforço na troca das luvas e higienização das mãos imediatamente após fazer a higiene íntima do paciente; 6) Intensificação da lavagem com água e sabão e desinfecção com álcool a 70% da comadre e urinol após cada uso; 7) Rigor no controle da água mineral ofertada aos pacientes; 8) Higienização rigorosa das mãos imediatamente antes de manipular o equipo e instalar a dieta enteral e 9) Intensificação do rigor na técnica da retirada da paramentação após cuidar de pacientes com precaução de contato; 10) Colocação de cartazes nos leitos com os cuidados a pacientes com diarreia.
Discussão/Conclusão: O surto de diarreia por Cryptosporidium spp acometeu 5 pacientes críticos e com dieta enteral e pode estar relacionado à quebra da técnica durante o banho (céfalo‐caudal), na higienização íntima feita nos pacientes evacuados, e por falha na limpeza e desinfecção da bacia usada nestas atividades, sendo transmitido a outros pacientes provavelmente durante a administração da dieta ou o banho. Após a realização das medidas de controle do surto não foi identificado nenhum outro paciente com diarreia, permanecendo apenas uma paciente do início do surto.