12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O Sarampo caracteriza‐se por ser uma doença infecciosa grave, extremamente contagiosa, que pode vir a evoluir a óbito. A partir de ações de vigilância e de imunização, em 2016, o Brasil recebeu da OMS o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo. Contudo, em fevereiro de 2018, novos casos importados da Venezuela deflagraram importantes surtos. Dessa forma, a presença do vírus em nosso território reforça a necessidade de uma análise epidemiológica como forma de ampliar os esforços na vigilância e dos programas de imunização.
Objetivo: Analisar os dados e delinear o perfil epidemiológico do sarampo em estados da região norte do Brasil, no período de fevereiro de 2018 a março de 2019 com fins a entender melhor como tem se configurado a expansão das contaminações.
Metodologia: Trata‐se de um estudo epidemiológico, descritivo e secundário, que se valeu dos dados obtidos da Secretaria de Vigilância em Saúde, analisando‐se os aspectos sexo, nacionalidade e idade.
Resultados: No período, o Brasil teve 10.354 casos de sarampo confirmados, com destaque para AM (9808), RR (361) e PA (102). Analisando conjuntamente estes estados, 55,46% dos casos eram do sexo masculino. Com relação à faixa etária, tanto no PA (18,3%) quanto em RR (28,2%) houve mais casos na população de 1 a 4 anos, já no AM, 20 a 29 anos (25%). Apesar disso, a maior taxa de incidência é da população com menos de 1 ano, nesses 3 estados. Particularmente em RR, a nacionalidade da maioria dos casos (60,7%) é venezuelana. O vírus identificado nestes estados possui o genótipo D8, idêntico ao que circulou na Venezuela nesse mesmo período.
Discussão/Conclusão: O surto de sarampo ocorrido na região norte do país possui como causas o movimento migratório venezuelano, a cobertura vacinal insuficiente (< 95%), as condições socioeconômicas da referida população, como a ocupação desordenada em habitats inapropriados, a precariedade dos serviços de saneamento básico, a baixa instrução dos indivíduos, além da hesitação em relação à prevenção de saúde no que tange a disseminação de movimentos antivacina. Desse modo, é necessário a implementação de estratégias de controle e de prevenção de saúde, com a otimização de campanhas de vacinação direcionadas a todos os gêneros e faixas etárias, em especial para as crianças de 1 a 4 anos e para os adultos entre 20 e 29 anos, por serem esses os grupos mais acometidos e para os menores de 1 ano, por terem a maior taxa de incidência.