Data: 18/10/2018 ‐ Sala: 2 ‐ Horário: 16:00‐16:10 ‐ Forma de Apresentação: Apresentação oral
Introdução: No Brasil, estudo de prevalência de hepatite A, em 2010, identificou pouco mais de 30% de prevalência para anticorpos protetores na população menor de 19 anos. Em 2014, houve a introdução da vacina contra a hepatite A no calendário nacional básico para crianças de até cinco anos, além de pessoas portadoras de hepatite B, C e infecção pelo HIV. Homens que fazem sexo com homens (HSH) sem infecção pelo HIV não foram contemplados. Entre 2016 e 2017, diversos países da Europa, os Estados Unidos, a Austrália e o Chile apresentaram surtos de hepatite A, caracterizado pela transmissão entre HSH.
Objetivo: Este estudo tem o objetivo de analisar surto semelhante, sem precedentes no Brasil, ocorrido no município de São Paulo.
Metodologia: Estudo comparativo, observacional, longitudinal e de incidência. Foi usado o sistema oficial de notificação (Sinan) e vigilância ativa laboratorial, para elaboração do banco de dados, complementado por meio de instrumento eletrônico.
Resultado: Em 2016, foram registrados 64 casos de hepatite A, 29 (45,3%) masculinos, oito (12,5%) entre 18 e 39 anos, a maioria relacionada ao consumo de água e alimentos contaminados ou contato pessoa‐pessoa. Em 2017, foi registrado aumento significativo do número de casos a partir de abril (acima da séria histórica), total de 786 casos confirmados. Desses, 692 (88,0%) eram masculinos (p<0,01), 621 (79,0%) tinham entre 18 e 39 anos (p<0,01) e 302 (41,0%) se declararam HSH. Durante o surto ocorreram hospitalizações em 176 (22,4%) casos, quatro (0,5%) evoluíram para transplante hepático e dois (0,25%) para óbito.
Discussão/conclusão: A globalização nos dias atuais permite a disseminação de doenças emergentes e reemergentes. A notificação e investigação do surto identificou a necessidade de ampliação da indicação de vacina hepatite A para HSH na cidade de São Paulo, além de campanhas de esclarecimento sobre prática sexual segura. Os países devem estar em alerta constante para detecção de agravos, com fortalecimento da capacidade de vigilância, resposta e controle de doenças.