12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: FAPEMIG/PPSUS
Nr. Processo: APQ‐04335‐17
Introdução: A febre Q é uma zoonose de distribuição mundial causada pelo patógeno Coxiella burnetii, uma bactéria que além de apresentar resistência e estabilidade ambiental é um dos agentes mais infecciosos ao ser humano. A infecção em humanos apresenta um amplo espectro de manifestações, desde casos assintomáticos até complicações graves e fatais. Por apresentar um quadro clínico semelhante à dengue na fase aguda, associado ao seu desconhecimento por parte dos profissionais de saúde, casos de febre Q podem estar sendo equivocadamente diagnosticados e tratados como dengue. Fato este, que aumenta os custos do sistema público de saúde assim como o risco da febre Q crônica, especialmente em pacientes com lesão de válvula cardíaca e imunocomprometidos.
Objetivo: Investigar a soroprevalência de anticorpos anti‐Coxiella burnetii em pacientes com suspeita de dengue no estado de Minas Gerais, Brasil e descrever o perfil epidemiológico dos sororreativos.
Metodologia: Entre janeiro de 2017 a agosto de 2018 foram selecionadas 437 amostras de pacientes com suspeita de dengue, coletadas entre 1 e 10 dias de sintomas, que apresentaram resultados sorológicos negativos, e oriundas de diferentes municípios de Minas Gerais. Os testes realizados para investigação da presença de anticorpos das classes IgM (fase I e II) e IgG (fase I e II) anti‐C. burnetii e da presença de DNA de C. burnetii, no soro dos pacientes, foram respectivamente, imunofluorescência indireta (IFI) e reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR).
Resultados: Entre as amostras analisadas, 25 (5,72%) foram reativas para pelo menos uma classe de anticorpos anti‐C. burnetii (título ≥16 e ≤128). Adicionalmente, não foi detectado DNA de C. burnetii nas amostras analisadas. O perfil epidemiológico dos pacientes sororreativos é descrito como sendo do sexo feminino (60%), com a faixa etária estratificada de “40 a 49 anos” (20%) e “50 a 59 anos” (20%), com raça/cor branca (28%). Além disso, 12,50% e 5,19% dos pacientes que residem na zona rural e na zona urbana foram reativos, respectivamente.
Discussão/Conclusão: Esses resultados indicam que 5,72% dos pacientes tiveram exposição prévia ao patógeno causador da febre Q e que residir na zona rural aumentam as chances de exposição. Portanto, esse patógeno apresenta circulação no estado de Minas Gerais, indicando a necessidade da realização de medidas de investigação, controle e prevenção da febre Q no Brasil, onde ela ainda é negligenciada e subnotificada.