12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A infecção pelo SARS‐CoV‐2 entre profissionais de saúde (PDS) é frequentemente descrita, incluindo surtos entre profissionais, principalmente em locais com deficiência de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Objetivo: Avaliar a soroprevalência de SARS‐CoV‐2 entre PDS e determinar os fatores de risco para aquisição de SARS‐CoV‐2
Metodologia: Estudo transversal prospectivo conduzido no Hospital Sírio‐Libanês, hospital privado, terciário com 450 leitos e 6000 funcionários conduzido no mês de junho de 2020. Foram convidados profissionais (assistenciais e administrativos) que trabalharam em unidades dedicadas a COVID‐19 não COVID para coleta de sorologia (imunoabsorção enzimática para detecção de IgG específica). Não foram chamados aqueles com diagnóstico prévio de COVID‐19 ou em trabalho a distância (“home‐office”). Foi coletada uma amostra de sangue e aplicado questionário online com dados demográficos, comorbidades, categoria profissional, ocorrência de sintomas de COVID‐19, uso de equipamento de proteção individual (EPI), local de trabalho e de realização e refeições, contato confirmado com caso de COIVD‐19 e tipo de transporte usado para o trabalho.
Resultados: Foram coletadas 1996 amostras, sendo desses 110 positivas, correspondente a uma soroprevalência de 5,5%. Na análise univariada e multivariada ser profissional de limpeza foi considerado fator de risco para soropositividade [OR 2,227 (1,116‐4,443) p=0,023] e sexo feminino foi protetor [OR 0.65 (0.433‐0.971) p=0,035]. Trabalhar em unidades dedicadas COVID não foi fator de risco (p=0,68). 1018 PDS relataram presença de qualquer sintoma previamente a coleta de exame. Fadiga e dispneia foi o mais frequente, seguida de tosse e dor de garganta. Anosmia e ageusia foi relatada em 18 voluntários, sendo mais frequente naqueles que foram soronegativos [OR 4.64 (1.48‐14.54), p=0.003] e fadiga e dispneia foi menos frequente nos soronegativos [OR 0.17 (0.10‐0.30), p=0,002]. De março a julho, hospital admitiu 1271 casos de COVID‐19, sendo 395 em UTI.
Discussão/Conclusão: Foi encontrada soropositividade de 5,5% semelhante à de outros centros relatados e a encontrada em inquéritos populacionais em São Paulo. O fator de risco associado a soropositividade foi trabalhar no Serviço de Higiene e ser do gênero feminino foi protetor. Trabalhar em unidades dedicadas COVID‐19 não foi fator de risco. Esses achados têm implicações importantes para a implementação de estratégias de prevenção de infecção.