12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma das complicações da COVID‐19, é responsável por alta morbimortalidade. Muitos pacientes são internados pela necessidade de monitoramento constante dos sinais vitais, de suporte ventilatório e de medicamentos de alta complexidade. Apesar de apenas 5% destes necessitarem de cuidados intensivos, devido às altas incidências e à gravidade da doença, o número absoluto de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em um curto espaço de tempo, tornou‐se um desafio para as autoridades sanitárias.
Objetivo: Analisar o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes internados com SRAG por COVID‐19 em UTI no Brasil e em suas regiões.
Metodologia: Estudo observacional, retrospectivo, transversal, realizado através dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde, analisando os internamentos em UTI por SRAG decorrente de COVID‐19. A análise contemplou o período da primeira notificação (em 21/02/2020) até a última atualização disponível (em 21/09/2020). As variáveis de interesse foram idade, gênero, raça, sinais e sintomas, comorbidades, tempo médio de permanência na UTI e uso de suporte ventilatório. Dispensou‐se apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa por terem sido utilizados dados públicos, sem identificação dos participantes.
Resultados: Foram notificados 120.469 internamentos de SRAG decorrentes de COVID‐19 no país. Destes, 74,4% (n=89.677) apresentavam algum fator de risco, 58,6% (n=70.579) eram homens, 77,5% (n=93.368) possuíam idade de 50 anos ou mais e 36,5% (n=44.014) eram brancos. Em relação às regiões do país, observou‐se que 52,8% (n=63.589) dos casos ocorreram no Sudeste, 20,7% (n=24.986) no Nordeste, 11,3% (n=13.645) no Sul, 9,0% (n=10.867) no Centro‐oeste e 6,1% (n=7.382) no Norte. Em média, os pacientes permaneceram 10,1 dias internados (DP±10,6, máximo de 212 dias), tendo como achados clínicos mais prevalentes dispneia (76,8%), tosse (68,3%), saturação <95% (67,2%) e febre (63,3%). Dentre os internamentos, 41,6% fez uso de suporte ventilatório, destes, 61,1% com ventilação invasiva. O desfecho de óbito ocorreu em 53,8% dos casos.
Discussão/Conclusão: Evidenciou‐se maior prevalência de SRAG decorrente de COVID‐19 entre homens brancos, adultos, residentes na região Sudeste, portadores de algum fator de risco, com achados clínicos de dispnéia, tosse, baixa saturação e febre. Frente à gravidade da doença, demonstrou‐se uma permanência prolongada na UTI, com altos índices de suporte ventilatório invasivo e alta mortalidade.