Introdução: A hepatite C (HCV) é uma infecção viral que afeta aproximadamente 170 milhões de pessoas. A contaminação pelo HCV em pacientes dialíticos é superior do que na população não dialítica. É uma doença de notificação compulsória, o que permite o rastreio epidemiológico e auxilia no controle da infecção através de protocolos e legislação sanitária. Entretanto, surtos de contaminação intra‐hospitalar persistem.

Objetivo: Estudo de revisão literária sobre a incidência de hepatite C em serviços de diálise no Brasil, com propostas para protocolos de prevenção alinhado com a legislação sanitária vigente.

Metodologia: Revisão bibliográfica de literatura qualitativa nas bases de dados PubMed, Bireme e Scielo. Os descritores foram definidos pelo DEcS: (Dialysis) OR (”Hemodialysis Units, Hospital“) AND (”Hepatitis C“) AND (”Brazil“). A busca resultou 54 artigos, 37 foram selecionados e, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restou 14 estudos.

Resultados: Os artigos demonstraram queda na porcentagem de pacientes dialíticos com anti‐HCV positivo após medidas rigorosas de controle. A transmissão relacionada à assistência à saúde, porém, continua sendo a principal forma de transmissão do vírus por falhas no cumprimento de protocolos. Entre a população infectada, há maior prevalência em homens com baixa escolaridade, brancos e maior tempo de diálise. Os pacientes submetidos à hemodiálise apresentaram taxa de soroconversão da hepatite C aguda menor do que os pacientes não dialisados.

Discussão/Conclusão: A hepatite C é a causa mais comum de doença hepática viral crônica em pacientes em hemodiálise. A transmissão relacionada à assistência à saúde predomina em pacientes dialíticos. A disseminação do HCV nas unidades de diálise pode estar associada à dificuldade diagnóstica na fase inicial. Quanto maior o tempo de permanência em hemodiálise, maior a probabilidade de contrair HCV. A imunossupressão dos pacientes dialíticos aumenta a chance de falso negativo em teste sorológico. Foi evidenciada uma diminuição da prevalência de HCV entre os pacientes dialíticos no Brasil, tendo relação com políticas públicas e biossegurança. No entanto, a transmissão ainda ocorre e necessita ações para diminuí‐la. Sugerimos medidas preventivas contra a transmissão relacionada à assistência à saúde, tratamento antiviral e dialisadores de uso único, coleta de dados sobre pacientes em diálise via internet e testagem por meio de teste PCR viral.