12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O sarampo pode se manifestar de modo atípico, como na síndrome do sarampo atípico, tendo poucos casos relatados na literatura. Sua patogênese envolve mecanismos imunes, que culmina em vasculite e pneumonite, manifestando‐se com febre alta e persistente, exantema purpúrico, eosinofilia e sintomas neurológicos (parestesias e hiperestesias). Há relatos da síndrome do sarampo atípico tanto em indivíduos previamente vacinados, quanto em não vacinados e imunocompetentes.
Objetivo: Descrever um caso de Síndrome do Sarampo Atípico atendido no HC‐FAMEMA.
Metodologia: Estudo descritivo com revisão da literatura (MEDLINE e LILACS) e do prontuário do paciente. Sexo masculino, 41 anos, apresentou‐se com quadro de cefaleia, mialgia, febre, tosse seca e odinofagia há 10 dias. Relatou conjuntivite bilateral não purulenta, exantema purpúrico em membros e abdome. Relatou palidez seguida de cianose em quirodactilos, compatível com fenomeno de Raynaud. Negou alergias, comorbidades, uso de substâncias psicoativas e medicamentos contínuos. Na admissão estava febril, com placas eritematosas em membros e abdome, dispneico, estertores à ausculta pulmonar. RX de tórax mostrava infiltrado basal bilateral. Hemograma demonstrando eosinofilia (22%), sendo 8900 leucócitos/mm3. Gasometria arterial (ar ambiente) evidenciando pO2 62,4mmHg, pCO2 31,4mmHg e pH de 7,46. Enzimaimunoensaio para Sarampo IgM e IgG reagentes. RT‐PCR para Sarampo Detectável em secreção de nasofaringe. Testes diagnósticos para outras condições resultaram negativos (Chagas, Hepatite B e C, Sífilis, HIV, Citomegalovírus, pesquisa de BAAR e fungos no escarro, hemoculturas, Influenza, Febre Maculosa). Foi realizada biópsia pulmonar: parênquima alveolar parcialmente colabado com mínimo infiltrado inflamatório linfocitário intersticial e espaço inflamatório com macrófagos esparsos, pesquisa negativa para BAAR e fungos, sem sinais de vasculite, granulomas ou neoplasia. Biópsia de lesões cutâneas demonstrou vasculite de pequenos/médios vasos. Paciente ficou internado 22 dias, evoluindo com melhora clínica.
Discussão/Conclusão: Considerando o contexto epidemiológico do paciente no que se refere a idade e possível vacinação prévia para sarampo, a evolução clínica, persistência da febre, o padrão purpúrico do exantema, os achados laboratoriais de eosinofilia periférica e as alterações histopatológicas de vasculite, associadas ao isolamento do vírus do sarampo em secreção de nasofaringe, foi considerada a hipótese de síndrome do sarampo atípico.