12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A sífilis, infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, é ainda um grave problema de saúde pública, apesar de facilmente diagnosticada e tratada. A doença tem diferentes estágios e manifestações, desde cancro duro e lesões cutâneo‐mucosas até danos neurológicos. No Nordeste do Brasil, o número de gestantes com sífilis é expressivo, sendo uma das complicações a transmissão vertical, ocorrendo em até 80% dos casos de gestantes não tratadas, levando a casos de sífilis congênita.
Objetivo: Traçar o perfil epidemiológico da sífilis em gestantes, no Nordeste do Brasil entre 2010 e 2019.
Metodologia: Foram coletados dados epidemiológicos da Sífilis em gestantes do Nordeste no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), por meio de acesso ao DATASUS, com o recorte de 10 anos, utilizando as variáveis registradas: faixa etária, escolaridade, raça/cor, realização de pré‐natal, idade gestacional, classificação clínica, e tratamento. Posto isso, os dados foram comparados com a literatura para analisar o padrão epidemiológico.
Resultados: Entre 2010 e 2019, foram registrados 60.659 casos de sífilis em gestantes no Nordeste (20,4% dos casos nacionais), sendo a segunda região mais acometida, depois do Sudeste. Houve aumentos progressivos anuais até 2018, ano de maior número de casos (14.705), mas, em 2019, ocorreu uma queda de 61,5% em relação a 2018. O grupo mais afetado foi dos 20‐29 anos (51,4%), sendo o nível de escolaridade, no geral, baixo, com 56,3% sem ensino médio completo e a raça/cor da maioria era parda (66,9%). Realizaram o pré‐natal 62,7% das gestantes, mas a maioria dos diagnósticos ocorreu no 3° trimestre de gestação (37,6%). O estágio predominante foi a sífilis primária (32,4%) e o tratamento da maioria dos casos foi com penicilina.
Discussão/Conclusão: Ao comparar com a literatura nacional, notou‐se semelhança aos dados de estudos referentes a outros locais, exceto em relação ao diagnóstico no 3o trimestre de gestação, pois em outros aconteceu no primeiro. Assim, infere‐se que a sífilis gestacional ainda prevalece no Nordeste, pois, mesmo havendo tendência à redução dos casos, com base em 2019, ainda não é possível confirmar uma estabilidade no número de casos. Como na região, os diagnósticos foram mais tardios, levando à hipótese de falha no pré‐natal, esse estudo contribui na compreensão desta informação epidemiológica e sinaliza para a necessidade de melhores medidas de controle e prevenção desse agravo no Nordeste, focadas no acesso e melhoria do pré‐natal.