12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A sífilis é uma infecção reemergente e sua erradicação é uma prioridade global estabelecida pela Organização Mundial de Saúde, Organização Pan‐Americana da Saúde e Ministério da Saúde. Apesar disso, ainda é registrada uma elevada incidência de gestantes com sífilis, muitas vezes resultando em desfechos como abortos, óbitos neonatais, prematuridade, baixo peso ao nascer e recém‐nascidos (RNs) infectados.
Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico da Sífilis Congênita (SC) no Brasil, de 2008 a 2018, estabelecendo a projeção para os próximos dez anos.
Metodologia: Estudo ecológico, realizado com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). As variáveis maternas analisadas foram escolaridade, realização de pré‐natal, momento do diagnóstico de sífilis e tratamento do parceiro. Já as variáveis fetais foram evolução e classificação final. Dispensou‐se apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa por terem sido utilizados dados públicos, sem identificação dos participantes.
Resultados: De 2008 a 2018 foram registrados 164.330 casos de SC no Brasil, com maior incidência nas regiões Sudeste (42,9%, n=70.477) e Nordeste (30,5%, n=50.138). Observou‐se que, dentre esses casos, houve maior incidência entre mulheres com escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta (24,2%, n=39.749), que realizaram pré‐natal (78,6%, n=129.298), tendo o diagnóstico sido feito durante as consultas de pré‐natal (51,4%, n=84.659). Ao relacionar o diagnóstico de SC com o tratamento dos parceiros, evidenciou‐se que 60,2% dos parceiros (n=99.064) não foram tratados para sífilis. Com relação às variáveis fetais, verificou‐se que 1,9% das gestações (n=2.853) evoluíram para óbito neonatal por SC e 90% dos RNs (n=148.062) foram diagnosticados com SC recente. A projeção nacional para os próximos dez anos evidenciou R2=0,99, sugerindo aumento exponencial dos casos de SC até 2028.
Discussão/Conclusão: O cenário epidemiológico observado nos últimos dez anos aponta para maior incidência de SC entre RNs de mulheres com baixa escolaridade. Apesar do diagnóstico materno ter sido feito durante as consultas de pré‐natal, a maioria desses RNs foi diagnosticada com SC recente, o que pode ser resultado do tratamento inadequado da mulher e de seu parceiro. Mesmo sendo uma doença prevenível, estimativas futuras sugerem que a sífilis persistirá como um problema de saúde pública, fato que pode ser reflexo de baixos investimentos na atenção primária à saúde e de deficiências na assistência pré‐natal.