12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Pacientes oncológicos estão susceptíveis a diversas infecções, devido a imunossupressão tanto ligada ao próprio cancer quanto ao tratamento. Microorganismos multirresistentes são um problema global e crescente nesta população, gerando altas morbidade e mortalidade.
Objetivo: Relatar caso de paciente oncológico com desenvolvimento de infecção urinária por Salmonella sp produtora de carbapenemase tipo KPC.
Metodologia: Homem, 70 anos, diagnosticado com câncer de próstrata em 2017, Gleason 3+3, atualmente realizando radioterapia. Encaminhado para hospital de referência em razão de febre, queda do estado geral e insuficiência respiratória. Apresentava internação recente em serviço secundário com sepse de foco urinário. Após cultura de swab retal de vigilância, também a urocultura isolou Salmonella sp resistente a todos os antibióticos beta‐lactâmicos e quinolonas. Testes fenotípicos e a avaliação molecular, por meio de PCR in house, evidenciaram a presença de carbapenemase tipo KPC. Durante investigação clínica, foi identificada fístula vesico‐retal relacionada à longa radioterapia. Tratado com colistina, o paciente apresentou boa resposta e esterilização da urina.
Discussão/Conclusão: Salmonella spp. apresenta duas espécies: S. enterica e S. bongori, sendo que as subespécies patogênicas aos humanos pertencem todas ao primeiro grupo. As infecções por Salmonella enterica sorovar não Typhi vão de cistites simples até quadros graves, como bacteremia e sepse. Surtos por estes microrganismos estão relacionados a alimentos e animais. Bem como outras Enterobacterales, Salmonella spp. podem apresentar diversos mecanismos de resistência, passando por beta‐lactamases de espectro‐estendido e até carbapenemases. Há relatos de casos de colonização animal (especialmente em aves) apresentando carbapenemases tipo NMD, KPC, IMP e OXA. Mas, infecções por Salmonella extremamente resistentes em humanos são mais raras, porém associadas a quadros graves e refratários. A salmonelose permenece como uma infecção grave, especialmente em paciente imunossuprimidos, e a resistência aos antimicrobianos colabora muito para sua morbidade e letalidade. Métodos que promovam a rápida identificação e adequada avaliação da suscetibilidade aos antimicrobianos do agente devem ser priorizados na tentativa de minimizar as falhas terapêuticas, bem como a disseminação do microrganismo patogênico e multirresistente em unidades hospitalares.