Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 7 ‐ Horário: 13:44‐13:49 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A infecção do trato urinário (ITU) é uma resposta inflamatória mediante invasão e multiplicação de microrganismos nos tecidos estéreis do aparelho urinário. A cateterização urinária facilita a invasão e multiplicação dos microrganismos no trato urinário. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 80% dos pacientes cateterizados desenvolverão ITU relacionada ao cateter (ITU‐RC). Após a cateterização, o risco de multiplicação microbiana no dispositivo aumenta de 5‐10% ao dia e se torna presente em todos os pacientes em quatro semanas. Assim, a problemática das ITU‐RC está na permanência prolongada e desnecessária do cateter. Embora seja recomendada pela Anvisa, a rotina de revisão da necessidade de manutenção do cateter é inviável em muitos serviços, se considerarmos que requer investimento em tecnologias e recursos humanos.
Objetivo: Descrever a estratégia de notificação para revisão do uso de cateter urinário e seu impacto na prevenção das ITU‐RC.
Metodologia: Estudo prospectivo, de intervenção, feito em um hospital universitário do norte do Paraná, de agosto de 2015 a setembro de 2016. O estudo se dividiu em duas fases: Fase 1 ‐ Pré intervenção: seguimento diário dos pacientes em uso de cateter urinário; Fase 2 ‐ Intervenção: somou‐se ao seguimento diário dos pacientes a notificação de um alerta para retirada do cateter nos prontuários médicos. Para esse lembrete foi usado um carimbo e nele os médicos justificaram a manutenção do dispositivo urinário ou prescreveram a retirada. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição (CAAE n°43013315.8.0000.5231).
Resultado: Houve seguimento contínuo e diário de 656 pacientes até o desfecho (alta ou óbito). Desses, 17% (134) sofreram a intervenção do carimbo. Entre os pacientes cujos médicos foram alertados para revisar o uso do cateter, a ITU‐RC foi significativamente menor (30,3%, p<0,01) quando comparada com os que não sofreram a intervenção (69,7%). A intervenção também contribuiu para redução no número de exposições ao cateterismo (29,1%, p=0,01), se considerarmos que entre os pacientes que não foram notificados 70,9% sofreram mais de uma cateterização.
Discussão/conclusão: A estratégia simples e inovadora de usar um carimbo para lembrar à equipe médica de revisar o uso do cateter mostrou‐se efetiva no controle da ITU‐RC e também na redução da exposição dos pacientes ao risco desse procedimento invasivo.