12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Crianças infectadas pelo SARS‐CoV‐2 normalmente apresentam quadros leves, porém foram relatados casos raros da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM‐P). A SIM‐P é caracterizada por febre elevada e persistente, acompanhada de inflamação mucocutânea, hipotensão arterial ou choque, disfunção cardiológica, coagulopatia, manifestações gastrointestinais e marcadores de inflamação elevados, além da evidência de COVID‐19.
Objetivo: Relatar um caso de uma criança com diagnóstico de SIM‐P.
Metodologia: Paciente feminina, 7 anos, apresentou queixa de febre, associada a dor abdominal, odinofagia, rash cutâneo, vômitos e diarreia. Após cinco dias do início do quadro, devido intensa dor abdominal, 10/10, buscou o pronto socorro. Ao exame físico apresentava taquicardia, taquipneia, exantema, hiperemia em conjuntivas e em orofaringe, abdome doloroso em fossas ilíacas, com descompressão brusca positiva. Optou‐se pela realização de apendicectomia sob suspeita de apendicite, sendo identificada apenas adenite mesentérica. Um dia após a cirurgia, evoluiu com oligúria, taquipneia, pulsos finos, saturação baixa e hipoatividade. Também foram observadas linfonodomegalia cervical dolorosa e hipertrofia de amígdalas com petéquias. Nesse contexto, iniciou‐se o protocolo de sepse. Os exames laboratoriais revelaram anemia, linfopenia, neutrofilia, hipoalbuminemia e elevação expressiva de DHL, VHS e PCR. A gasometria venosa indicou saturação de 59% e aumento de lactato. A TC de tórax demonstrou consolidação em vidro fosco, atelectasias e derrame pleural pericárdico. Foi encaminhada para a UTI pediátrica, sendo intubada e fez uso de dobutamina, ceftriaxona, dexametasona, azitromicina, imunoglobulina, albumina, furosemida e oseltamivir. Ainda, obtiveram dosagem de ferritina, dímero D e troponina bastante elevados e hemoculturas negativas. Após tratamento, evoluiu satisfatoriamente, recebendo alta hospitalar sem sequelas. Paciente negativo no exame de RT‐PCR e reagente para IgM/IgG no teste rápido para SARS‐CoV2.
Discussão/Conclusão: A SIM‐P possui manifestações clínicas e laboratoriais semelhantes a outras doenças, como sepse, Kawasaki e síndrome do choque tóxico. Também pode apresentar sintomas e sinais abdominais importantes, com elevações excessivas de marcadores inflamatórios, e simular um quadro de abdome agudo. Portanto, a exclusão dos possíveis diagnósticos diferenciais e a identificação da doença de forma precoce são essenciais para o tratamento eficiente dessa síndrome potencialmente fatal.