12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Crianças e adolescentes infectados pelo SARS‐CoV‐2, apesar de apresentarem preferencialmente formas assintomáticas e oligossintomáticas da doença, podem desenvolver manifestações clínicas graves e potencialmente fatais. A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM‐P) consiste em febre persistente, marcadores de atividade inflamatória elevados e disfunção única ou múltipla de órgãos, além da evidência de COVID‐19.
Objetivo: Relatar um caso de uma adolescente de 15 anos, com síndrome mielodisplásica, diagnosticada com de SIM‐P.
Metodologia: Paciente feminina, 15 anos, com atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, portadora de mielodisplasia com citopenias refratárias. Histórico de TVP recente em uso de Varfarina. Há 6 dias, iniciou quadro de dor epigástrica intermitente, febre, hiporexia, exantema e vômitos, o que a fez buscar o pronto socorro. Também relatava atraso menstrual de 2 meses, levantando a hipótese inicial de gravidez, a qual foi descartada após BHCG negativo e USG de abdome sem indício de gestação. Os exames laboratoriais evidenciaram anemia, plaquetopenia importante, leucopenia, hipoalbuminemia, bem como aumento de creatinina, TGO/TGP, CK total, lactato e elevação expressiva de PCR e DHL. Notou‐se sinais de coagulopatia, com TP e TTPA alterados. No raio x de tórax foi identificado infiltrado intersticial e derrame pleural. O ecocardiograma revelou sinais de pericardite e derrame pericárdico. Um dia após a internação, paciente evoluiu com odinofagia, hipoatividade, irritabilidade, oligúria, taquicardia, tosse, queda de saturação, dispneia, esforço respiratório e foi encaminhada para UTI. Nesse contexto, foi realizado teste rápido para COVID, que resultou positivo. Foi tratada com oseltamivir, dexametasona, imunoglobulina intravenosa e anticoagulante sistêmico, além de outros medicamentos. Evoluiu satisfatoriamente e foi encaminhada para enfermaria. Foram coletadas amostras de hemocultura, as quais vieram negativas. Após estabilização do quadro, obteve alta, 1 mês após sua admissão.
Discussão/Conclusão: A SIM‐P foi relatada recentemente e ainda pouco se sabe sobre sua correlação com doenças autoimunes e crônicas, como no caso da síndrome mielodisplásica. É possível que as manifestações clínicas nesses casos sejam ainda mais graves. Portanto, a identificação da SIM‐P de forma precoce é fundamental para um melhor prognóstico, principalmente em pacientes imunocomprometidos.