Journal Information
Vol. 25. Issue S1.
12° Congresso Paulista de Infectologia
(January 2021)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 25. Issue S1.
12° Congresso Paulista de Infectologia
(January 2021)
EP‐416
Full text access
REAÇÃO REVERSA GRAVE E LAGOFTALMO EM PACIENTE EM TRATAMENTO DE HANSENÍASE, UM RELATO DE CASO
Visits
2886
Fábio A. Campos Júnior, Mylena Martins Almeida, Letícia R. Silva Cavalcante, Izabella Militão, Pietra Andrade Osti
Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT, Brasil
This item has received
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 25. Issue S1

12° Congresso Paulista de Infectologia

More info
Full Text

Introdução: A hanseníase é uma doença epidemiologicamente relevante no Brasil, de caráter sistêmico e capaz de causar sequelas neurológicas importantes. Entre os nervos que, quando afetados, costumam levar a comprometimento ocular estão o nervo facial e o trigêmeo, cujas apresentações clínicas podem ser lagoftalmo e diminuição da sensibilidade da córnea, respectivamente.

Objetivo: Relatar o caso de um paciente com hanseníase, com manifestações oculares, enfatizando a necessidade do exame de pares cranianos e manejo precoce do lagoftalmo.

Metodologia: C.B.S, 42 anos, masculino, natural e procedente do interior de Mato Grosso, apresentando múltiplas placas hipocrômicas com alteração de sensibilidade e hipoestesia em mãos e pés. Iniciou poliquimioterapia multibacilar (PQT‐MB) e após dois meses, foi encaminhado para serviço de referência do estado, em razão do surgimento de ulcerações profundas difusas pelo abdome, dorso e membros, pele infiltrada e com rachaduras, além de nistagmo, neurite em nervo facial com lagoftalmo bilateral, ressecamento ocular, ardor intenso e turvação visual. Diagnóstico de reação reversa e suspeita de reação adversa à dapsona, sendo esta substituída na PQT‐MB por ofloxacino 400mg e tratamento indicado por 24 meses. Ademais, foi prescrito prednisona 80mg por 15 dias, com descalonamento de 10mg a cada 15 dias, lágrimas artificiais 1 gota em cada olho de 1/1h e colírio lubrificante. Paciente segue em acompanhamento, com negativação de baciloscopia e melhora dos sintomas oculares.

Discussão/Conclusão: No lagoftalmo, há limitação do fechamento completo da fenda palpebral. Como consequência da maior exposição, pode ocorrer ressecamento da córnea e suscetibilidade a úlceras e infecções secundárias, que podem resultar em redução da acuidade visual e cegueira. A perda de visão é uma causa significante de incapacidade e estigma no indivíduo com hanseníase. No presente caso, o acompanhamento do paciente possibilitou a rápida identificação do lagoftalmo e demais alterações oculares, viabilizando o tratamento clínico, que resultou em reversibilidade dos sintomas sem necessidade de intervenções cirúrgicas. Portanto, ressalta‐se a importância da realização do exame neurológico e avaliação dos nervos trigêmeo e facial para detecção de alterações oculares, pois diversas delas, como o lagoftalmo, inicialmente podem não ser percebidas pelo paciente. Nesse sentido, é possível prevenir sequelas futuras com a indicação precoce de tratamento.

Download PDF
The Brazilian Journal of Infectious Diseases
Article options
Tools