12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Criptococose é uma infecção de natureza sistêmica causada por fungos do gênero Cryptococcus. De porta de entrada inalatória, a doença é potencialmente fatal e comumente diagnosticada em pacientes imunossuprimidos, acometendo principalmente pulmão e sistema nervoso central. Nos imunocompetentes, a meningoencefalite é a principal apresentação, geralmente provocada pelo C. Gatti e está associada a maiores sequelas. Diagnóstico é realizado por análise do líquido cefalorraquidiano (LCR).
Objetivo: Relatar caso de meningite por criptococose em imunocompetente.
Metodologia: Paciente masculino, 55 anos, hipertenso há 20 anos e com história de acidente vascular encefálico isquêmico há 05 anos, deu entrada em pronto atendimento com queixa de cefaléia parieto‐occipital bilateral há 15 dias, febre termometrada e vômitos em jato há 5 dias da admissão. Tomografia de crânio e ressonância magnética sem alterações. Exame do LCR demonstrou pesquisa de fungos positivo, teste rápido para criptococo positivo e teste anti‐HIV não reagente. Iniciado Anfotericina B por 6 semanas evoluindo com piora da função renal, alternando para anfotericina B complexo lipídico e fluconazol. Após melhora clínica e laboratorial, com 47 dias de internação, recebeu alta hospitalar. Iniciado terapia de consolidação com fluconazol 750mg/dia e descalonando para 300mg/dia por mais 1 ano.
Discussão/Conclusão: Meningite criptocócica em pacientes imunocompetentes apesar de rara, é associada a elevada morbimortalidade. Em um estudo americano, a mortalidade após 90 dias do diagnóstico foi de 27%, taxa maior que em pacientes soropositivos. Habitualmente a doença cursa com cefaleia, alteração da consciência, febre, náuseas e vômitos, sintomas frequentes nas meningites bacterianas, sinalizando para o diagnóstico diferencial e suspeição em qualquer paciente. No caso relatado, o diagnóstico foi realizado com o teste rápido para criptococo no LCR e posteriormente confirmado por cultura, padrão ouro no diagnóstico. A associação da Anfotericina B e flucitosina tem mostrado melhor resolução da infecção, entretanto a flucitosina não é disponível no Brasil. Em virtude da nefrotoxicidade, foi necessária troca para anfotericina B complexo lipídico. A alta foi realizada após cultura negativa no LCR e instituídas as fases de consolidação e manutenção com fluconazol. Assim como observado no caso relatado, o diagnóstico precoce e o manejo de complicações, aumentam as chances de um desfecho favorável.