12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Streptococcus anginosus é um subgrupo do S. viridans; abrange S. anginosus (trato gastrointestinal e genitourinário), S. constellatus (vias aéreas/sangue) e S. intermedius (cérebro e fígado); fazem parte da flora humana, mas podem causar infecções com abscessos. Há poucos casos descritos de infecções pleuropulmonares por S. intermedius.
Objetivo: Descrever infecção pleuropulmonar por S. intermedius.
Metodologia: Masc, 88a, DM, câncer de próstata, DPOC, etilista; dispneia aos mínimos esforços há 3 sem., perda 2kg; sem piora da expectoração, tosse ou febre. Ao exame: redução do murmúrio vesicular direito, sinais vitais sem alterações; leucocitose 19.600 (76% neutrófilos). Tomografia de tórax: principal achado ‐ derrame pleural (DP) septado à direita. Diagnosticada insuficiência cardíaca (fração de ejeção 28%). Toracocentese: empiema por S. intermedius sensível a penicilina. Submetido a decorticação de lobo superior direito–cultura: Serratia marcescens carbapenemase+ Biopsia: pleurite fibrinosa com empiema–sem micobacterias, fungos, granulomas ou neoplasia. Recebeu ceftriaxone e claritromicina; após cirurgia, apresentou choque misto e insuficiência renal dialitica. Ampliado esquema com teicoplanina e piperacilina/tazobactam, este último trocado por meropenem e amicacina após cultura. Em conversa com família optado por priorização do conforto, com óbito após 15 dias.
Discussão/Conclusão: Infecções pulmonares por S. intermedius são incomuns. Os fatores de risco são doença periodontal, DM, alcoolismo e DPOC, todos presentes. O mecanismo de infecção mais provável é aspiração de secreção oral, principalmente em idosos. Chamam atenção ausência de febre e evolução arrastada, porém, ao se avaliar os casos descritos, tosse, dor torácica e dispneia são de fato os mais frequentes, com tempo médio de 34 dias até o diagnóstico. É incomum infecção pulmonar por S. intermedius sem DP (16,7%). O diagnóstico é feito pela cultura do líquido pleural, e associação de antibióticos e drenagem é imprescindível, sendo muitas vezes necessários outros procedimentos (toracotomia, decorticação). O prognostico geralmente é bom (mortalidade 6‐13%). Dispneia, tosse, dor torácica com DP insidiosos são muitas vezes vistas como não infecciosos ou, se pensada nessa etiologia, é mais frequente considerar agentes fastidiosos (principalmente tuberculose). Assim, pacientes com os fatores de risco e sintomas descritos com DP devem realizar toracocentese; confirmado empiema, há possibilidade de infecção por S. intermedius, com boa evolução com antibióticos e drenagem.