12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Covid‐19 chegou ao Acre no mês de março de 2020 e cerca de 2 meses depois, a taxa de incidência da doença ultrapassou 370 casos/100.000 habitantes. Apesar do baixo índice de realização de testes diagnósticos, esta é uma das maiores incidências da infecção no país. Este estado, pertencente ao Norte brasileiro e à região amazônica, vivencia a escassez de serviços de saúde atrelada a fatores regionais influenciadores no adoecimento, como a presença expressiva de obesidade e cardiopatias. Desta forma, ressalta‐se a importância da análise desta enfermidade na região, uma vez que grande parcela da população compõe o grupo de risco para as formas graves da infecção pelo novo coronavírus.
Objetivo: Analisar os primeiros casos de Covid‐19 na população acreana.
Metodologia: Trata‐se de uma pesquisa observacional transversal. Coletou‐se os dados clínico‐epidemiológicos de 107 pacientes dentre os primeiros diagnosticados com Covid‐19 no Acre, no período de 15 de março a 15 de maio de 2020, através de informações da Secretaria Estadual de Saúde do Acre, prontuários médicos e aplicação de formulário específico aos pacientes. As informações foram registradas no software REDCap. Realizou‐se o cálculo das frequências, médias e desvios por meio do programa Excel 10.0.
Resultados: A população analisada possui idade média de 41 anos e não apresenta diferença quantitativa entre gêneros (53 homens e 54 mulheres). Destaca‐se a presença de sobrepeso (IMC médio: 28,07) e nível médio de escolaridade elevado (13,4 anos) dentre os diagnosticados com Covid‐19. O tratamento prescrito incluiu azitromicina (n=60), oseltamivir (n=26) e hidroxicloroquina (n=8). Dos pacientes em estudo, 20 foram hospitalizados, sendo 13 hipertensos e 6 diabéticos, nas quais ambas comorbidades associavam‐se à outras, como cardiopatias e pneumopatias. As principais manifestações relatadas foram: febre, cefaleia, ageusia, tosse, anosmia e dispneia.
Discussão/Conclusão: Os dados obtidos fornecem informações clínicas semelhantes aos achados descritos na literatura mundial, com destaque para o padrão de disseminação inicial entre aqueles com elevado nível de escolaridade. A presença de comorbidades confirma‐se como fator preditor para mau prognóstico. Ademais, evidencia‐se a necessidade de continuidade do estudo para melhor caracterização do perfil da doença, além da investigação de possíveis fatores associados à elevada incidência no Acre.