12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Sendo reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia em março de 2020, os principais sintomas da doença do Coronavírus 19 (COVID‐19) são febre, tosse e fadiga, seguidos por produção de escarro, dispneia, dor de cabeça e anosmia. Por ser uma virose recente, os conhecimentos sobre a COVID‐19 ainda são incompletos. Entretanto, muitos estudos já observaram a existência de manifestações hepáticas e suas implicações no curso clínico da doença.
Objetivo: Descrever as alterações hepáticas em pacientes com COVID‐19, bem como associá‐las ao prognóstico desses.
Metodologia: Trata‐se de uma revisão integrativa, que se utilizou da plataforma “PubMed”, com os descritores “COVID‐19” e “hepatic manifestations”, sem adição de filtros. Obteve‐se 27 artigos publicados até o dia 11 de agosto de 2020, sendo 5 rejeitados, pois não abordavam o escopo deste trabalho.
Resultados: As alterações hepáticas mais comumente observadas foram elevações das enzimas aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT) e de bilirrubina, seguidas por níveis séricos reduzidos de albumina. Estas, juntamente com o tempo de atividade da protrombina (TAP) prolongado e valores aumentados de Lactato Desidrogenase (LDH) têm sido frequentemente associadas a um pior prognóstico do paciente com COVID‐19. Taxas significativamente elevadas de gama‐glutamil transferase (GGT) e de fosfatase alcalina foram detectadas com uma menor frequência, e suas repercussões prognósticas ainda carecem de esclarecimentos. O mecanismo da lesão hepática é altamente especulativo. A hipótese mais aceita consiste na ação direta do vírus nos colangiócitos, via receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2). No entanto, outras possibilidades sugerem: resposta inflamatória sistêmica com disfunção de múltiplos órgãos, doenças hepáticas subjacentes e uma hepatotoxicidade induzida por drogas utilizadas na terapia medicamentosa para COVID‐19, a qual se baseia no uso simultâneo de antivirais, de antimaláricos e de antibióticos.
Discussão/Conclusão: É possível afirmar que o monitoramento intensivo de provas hepáticas pode ajudar na previsão do prognóstico do paciente com COVID‐19. Entretanto, mais estudos são necessários para ser possível compreender completamente as complicações hepáticas associadas à COVID‐19 e, assim, identificar o ideal protocolo aos pacientes com a enfermidade.