No contexto da pandemia declarada em 2020 pela Organização Mundial da Saúde, o primeiro caso de COVID-19, doença respiratória aguda causada pelo SARS-CoV-2, foi confirmado no Estado do Pará em 18 de março de 2020. Ainda não há informações consistentes da prevalência dessa infecção em quilombos localizados no Pará, o que mascara a real situação epidemiológica dessas comunidades.
ObjetivoDescrever a prevalência do SARS-CoV-2 em comunidades quilombolas do município de Cametá, Pará. Métodos: Foi realizado um estudo de corte transversal, em abril de 2021, com amostragem de 140 indivíduos pertencentes a cinco comunidades: Arimandeua (n = 33), Aripijó (n = 26), Bacuri (n = 10), Cabanagem (n = 13) e São Benedito (n = 58). Dados demográficos e sociais foram obtidos por meio de um questionário epidemiológico. Amostras de sangue total (5 mL) foram coletadas por um sistema de colheita a vácuo em tubos contendo EDTA e foram separadas em plasma para a realização de ensaios de imunoabsorção enzimática - ELISA (EUROIMMUN, US) para a detecção de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2.
ResultadosDo número total de participantes, 67,1% eram do sexo feminino e 32,9% eram do sexo masculino, com média de idade de 38 anos e 52,1% testaram reagentes para IgG anti-SARS-CoV-2. Dentre os indivíduos soropositivos para o vírus, houve predomínio da faixa etária de 30 a 59 anos (35,6%), estado civil solteiro (52,1%) e renda familiar inferior a um salário mínimo (45,2%).
ConclusãoFoi observada uma elevada prevalência do SARS-CoV-2 nas comunidades quilombolas localizadas no munícipio de Cametá, o que ressalta a importância da vigilância soroepidemiológica em populações com elevado grau de vulnerabilidade e convivência estreita.