A cidade de Divinópolis, pólo da macrorregião oeste mineira, foi cenário do primeiro caso confirmado de COVID-19 do estado. O controle local da epidemia está relacionado ao conhecimento da dinâmica da transmissão e da vigilância da infecção no território. O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de COVID-19 no município de Divinópolis-MG, em três momentos ao longo da epidemia.
MétodosTrata-se de estudo transversal sequencial de base populacional realizado em três etapas (1ª onda: novembro e dezembro de 2020, N = 616; 2ª onda: janeiro e fevereiro de 2021, N=671; 3ª onda: maio a julho de 2021, N = 619), entre indivíduos residentes e usuários de todas as unidades básicas de saúde de Divinópolis-MG. A amostra foi dividida igualitariamente em gênero e idade (2 a 15, 16 a 30, 31 a 50, 60+ anos de idade). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas presenciais e realização de teste rápido (TR) sorológico para detecção de anticorpos para SARS-CoV-2 e teste molecular (RT-PCR) em amostra de saliva. A positividade geral foi definida pela presença de qualquer exame positivo para SARS-CoV-2. O projeto teve aprovação ética e todos os participantes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.
ResultadosAs amostras foram compostas prioritariamente por indivíduos com ensino médio (42,2% a 50,3%) e superior (36,1% a 45,2%) e de cor parda ou preta (55,5% a 56,5%). Respectivamente na 1ª, 2ª e 3ª onda, 51,7%, 47,1% e 42,9% relataram história recente de síndrome gripal, e 2,2%, 2,6% e 8,8% diagnóstico prévio de COVID-19. Entre a 1a e a 3a onda, a adesão ao distanciamento social aumentou de 49,4% para 56,8%, o uso contínuo de máscara de proteção de 63,9% para 68,9%, e a história de contato com pessoa com COVID-19 de 33,7% para 44,9%. A prevalência de anticorpos para SARS-CoV-2 foi de 6,5%, 7,2% e 13,3%, e de infecção ativa pelo RT-PCR foi de 8,8%, 9,0% e 5,4%, na 1a, 2a e 3a onda, respectivamente. A positividade geral foi de 14,6% (11,8%-17,7%) na 1ª onda, 13,8% (11,2%-16,7%) na 2ª onda e 18,9% (15,8%-22,2%) na 3ª onda.
ConclusãoO estudo encontrou um aumento progressivo na prevalência de COVID-19 ao longo do período, embora tenha havido maior adesão às medidas de prevenção e menor positividade de infecção ativa na última onda. As prevalências encontradas no estudo foram substancialmente maiores que os indicadores apresentados pelo município, apontando para uma provável subnotificação e baixa taxa de detecção da doença.