Introdução: Após o advento da terapia antirretroviral (TARV), a infecção pelo HIV tornou‐se uma doença crônica. Nesse contexto de maior longevidade, surgiu o desafio de lidar com o aumento da prevalência de comorbidades não associadas ao HIV nesta população, dentre elas a obesidade. A obesidade central é um marcador substituto para a adiposidade visceral, associada a desfechos ruins como doenças metabólicas e eventos cardiovasculares. Entretanto, poucos estudos avaliam a prevalência da obesidade central em pessoas que vivem com HIV (PVHIV).

Objetivo: O presente estudo objetiva descrever a prevalência de obesidade central e fatores associados em PVHIV em uso regular da TARV e carga viral (CV) indetectável.

Metodologia: Foi realizado um estudo de corte transversal com 231 pacientes com mais de 18 anos, em uso regular da TARV e CV indetectável, acompanhados em ambulatório de referência em Salvador ‐ BA. Os dados dos participantes foram coletados através de entrevista presencial e revisão de prontuário médico. A obesidade central foi definida como uma medida de circunferência abdominal maior que 102cm para homens e 88cm para mulheres. Análises univariadas foram realizadas e aquelas variáveis com valor de significância p<0,2 foram incluídas nos modelos multivariados.

Resultados: A prevalência de obesidade central foi de 32,5%. Entre as mulheres a prevalência foi de 55,1% vs. 18,3% em homens e; em pacientes com CD4>1000 cél/mm3, foi de 64% vs. 28,6% em pacientes com CD4<1000 cél/mm3. Na análise multivariada os fatores associados com obesidade central foram sexo feminino (aOR 6,95, IC 95% 3,40‐14,21), hipertensão arterial (aOR 3,61, IC 95% 1,66‐7,83), história de doença cardiovascular (aOR 6,71, IC 95% 1,17‐38,34) e maiores níveis de CD4 (aOR 1,15 por 100 células, IC 95% 1,05 a 1,26).

Discussão/Conclusão: Foi encontrada uma alta prevalência de obesidade central em PVHIV em uso regular da TARV e CV indetectável. Considerando a tendência do aumento do número de infecções pelo HIV entre mulheres e a expansão cada vez maior do acesso a TARV, é crucial que a avaliação da circunferência abdominal se torne rotineira nas consultas de PVHIV, tendo em vista que este é um método de fácil mensuração.