12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: O último Relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids descreve que a disponibilidade de recursos para ações de enfrentamento à doença em países de baixa e média rendas atingiu 70% da meta estabelecida para o período entre 2017 e 2020. Neste período, foram observadas 3,5 milhões de novas infecções por HIV e 820.000 mortes relacionadas à aids em todo mundo. Homens adultos (> 25 anos), que têm relação com outros homens (HSH) representam a maior parte das novas infecções.
Objetivo: Identificar, a partir de relatos verbais, fatores que interferem no uso inconsistente do preservativo entre HSH.
Metodologia: Foram entrevistados HSH, usuários do Serviço de Ambulatórios Especializados de Infectologia Domingos Alves Meira que integra o complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu e provenientes de convites efetuados em redes sociais e pela técnica de “bola de neve”. Realizou‐se análise descritiva das respostas, calculando‐se frequências e percentagens. As análises foram efetuadas no programa SAS for Windows. v.9.4.
Resultados: Participaram 65 HSH, 27 com HIV positivo e 38 HIV negativo, não tendo havido diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Os motivos mais citados para o não uso do preservativo foram: confiar no parceiro (62%) e estar muito excitado (34%). A maioria dos participantes referiu não ter dificuldades para solicitar o uso do preservativo a seus parceiros, entretanto, a maioria relatou não ter usado preservativo em todas as relações (sexo anal) nos últimos seis meses. Entre os entrevistados, 80% relataram diminuir a frequência de uso ou interromper o uso do preservativo em relacionamentos fixos. Nessas situações a principal justificativa foi a confiança no parceiro.
Discussão/Conclusão: Resultados preliminares desta pesquisa indicam que a confiança entre parceiros foi a justificativa atribuída para o comportamento de não usar o preservativo, como apontado em outros estudos, o que sugere que os participantes parecem permanecer mais sob controle do prazer momentâneo do que da expectativa de possível consequência em longo prazo: infecção pelo HIV. Esses resultados sugerem a necessidade de políticas públicas que promovam o desenvolvimento de novas tecnologias de prevenção, ainda que combinadas ao uso do preservativo, pesquisas que investiguem mais detalhadamente o comportamento de confiança.