A pandemia ocasionada pelo SARS-CoV-2, agente causal da COVID-19, desencadeou uma série de consequências de saúde global, chamando a atenção das organizações de saúde principalmente para o impacto nas populações mais vulneráveis. Com a chegada do novo coronavírus na Amazônia, os povos indígenas do estado do Pará foram os grupos populacionais que mais necessitaram uma atenção específica, pois são mais vulneráveis do ponto de vista social, econômico e biológico. O objetivo deste trabalho foi investigar a prevalência de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 (S1 e S2), em populações indígenas do Estado do Pará.
MétodosForam analisados um total de 532 indígenas das etnias Kayapó (401), Tembé (56), e Amanayé (75), sendo 235 homens (44.17%), 273 mulheres (51.32%) e 24 (4.51%) sem informação de gênero, com idade média de 30 anos. Amostra de sangue (5 mL) foi obtida de cada indivíduo e o plasma foi submetido a pesquisa de anticorpo IgG anti-SARS-CoV-2 utilizando-se o imunoenzimático ELISA (Euroimmun, USA).
Resultados433 indivíduos foram reagentes (81.39%), 75 não reagentes (14.10%) e 24 indeterminados (4.51%). A prevalência por etnia foi de: 87.78% nos Kayapó, 51.79% nos Tembé e 69.33% nos Amanayé. A prevalência entre os sexos foi de 35.53 % nos homens e 42.11% nas mulheres.
ConclusãoOs resultados indicam, que as etnias Tembé, Amanayé e Kayapó tem alta prevalência de anticorpos IgG anti-SARS-CoV-2 que podem ser decorrentes de infecção natural ou fruto da campanha de imunização. Esses resultados reforçam a necessidade da manutenção da vigilância imunológica dessas populações como forma de prevenção de novas ondas epidêmicas de COVID-19 nas aldeias.
FinanciamentoCNPQ/MS/MCTI-401235/2020-3.