As últimas décadas viram reemergir a sífilis congênita como agravo relevante em saúde pública. A identificação de preditores socioeconômicos, demográficos e de assistência à saúde pode ser útil ao planejamento de políticas públicas.
ObjetivoIdentificar associações de fatores sociodemográficos e epidemiológicos com a incidência de sífilis congênita nos Estados Brasileiros entre 2010 e 2020.
MétodoDados foram obtidos em fontes de domínio público: SINAN/DATASUS, IBGE e Atlas do Brasil. Foi aplicado modelo de Regressão de Poisson (single-step) para identificar associações entre as variáveis e o desfecho de interesse (incidência de sífilis congênita, expressa em casos/1.000 nascidos vivos).
ResultadosA incidência nacional agregada para o período foi de 6,21 por 1.000 nascidos vivos. A mediana de incidências estaduais foi 4,95 (Quartis, 4,05-7,19). O Estado do Rio de Janeiro (incidência, 14,87/1.000) estava a mais de 3 desvios-padrão acima da incidência média, e por ser outlier foi excluído das análises posteriores. A incidência de sífilis congênita foi maior em locais com desigualdade de renda (Índice de Gini, RR = 1,032; IC95%, 1,032-1,034), percentagem de nascidos vivos com menos de 7 consultas maternas de pré-natal (RR = 1,013; IC95%, 1,012-1,014), taxa de incidência de aids (RR = 1,025; IC95%, 1,024-1,027) e Densidade Demográfica (RR = 1,001; IC95% = 1,001-1,001). Contraintuitivamente, houve também associação positiva com Renda Per Capita (RR = 1,030; IC95%, 1,027-1,033).
ConclusãoA incidência da sífilis congênita é associada a desigualdade social, incidência de aids e menor cobertura de pré-natal. Todos esses aspectos apontam direções para políticas públicas preventivas.