12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Daptomicina é um antibiótico indicado para o tratamento de infecções graves causadas por bactérias gram positivas. Dentre seus efeitos colaterais está a pneumonia eosinofílica, que se desenvolve em 2 a 4 semanas após seu início, melhora com sua interrupção e início de corticoterapia e caracteriza‐se por eosinofilia no sangue periférico e/ou alveolar. Os sintomas são causados pelo acúmulo e rompimento desses eosinófilos teciduais e variam de febre, tosse e dispneia até insuficiência respiratória grave potencialmente fatal. Achados radiológicos típicos incluem infiltrados alvéolo‐intersticiais mal definidos, ocasionalmente associados a derrame pleural (DP). A descontinuação do fármaco constitui o melhor teste diagnóstico e habitualmente conduz à resolução clínica.
Objetivo: Relatar caso de paciente que desenvolveu pneumonia eosinofílica com uso de daptomicina.
Metodologia: Paciente do sexo feminino, 94 anos, hipertensa, internada com quadro de osteomielite e artrite séptica em ombro direito, cinco meses após vacinação na região deltoidea contra influenza. Desde a aplicação apresentou dor local e evoluiu com surgimento de hematoma. Ultrassonografia e ressonância nuclear magnética de ombro direito evidenciaram abscesso na região de deltoide e sinais de osteomielite. Iniciada antibioticoterapia empírica com daptomicina e realizada drenagem cirúrgica. O exame histopatológico confirmou osteomielite crônica. A paciente seguia com melhora clínica, mas no nono dia de antibioticoterapia desenvolveu tosse, dispneia súbita e ausculta pulmonar com crepitações difusas e sibilos. Radiografia de tórax evidenciou infiltrado pulmonar bilateral predominando em ápices e tomografia computadorizada de tórax mostrou DP moderado bilateral, atelectasias, fibroses difusas e consolidações em ápices, sugerindo bronquiolite obliterante com pneumonia em organização. Eosinofilia (19%; 2052/mm3) era a única alteração nos exames laboratoriais. Foi aventada hipótese de pneumonia eosinofílica por fármaco e trocou‐se daptomicina por linezolida, piperacilina/tazobactam e prednisona. Paciente progrediu com melhora do quadro clínico e laboratorial e com 56 dias de internação teve alta hospitalar.
Discussão/Conclusão: O diagnóstico de pneumonia eosinofílica deve ser aventado em pacientes em uso de daptomicina que desenvolvem quadro pneumônico e eosinofilia. Neste caso o antibiótico deve ser substituído e o tratamento com corticoides sistêmicos é recomendado.