12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A tuberculose testicular é uma entidade rara que ocorre em aproximadamente 3% dos casos de tuberculose genital. Os homens entre os 20 e os 50 anos são os mais frequentemente afetados e queixam‐se de dor ou aumento testicular. O diagnóstico possui dificuldades e, em geral, acontece tardiamente.
Objetivo: Apresentar caso de tuberculose testicular, patologia não tão frequente na literatura, em indígena.
Metodologia: A.A, 42 anos, natural de Almerin–PA, morador da aldeia Bona Tumucumaca, agricultor e coordenador pedagógico. História familiar de pai diabético; mãe, filha, esposa e pai com história de tuberculose (TB) pulmonar. Em 2016, fez teste de escarro para TB, com resultado negativo e tratamento para leishmaniose. Posteriormente, em um episódio de pesca, sentiu dor lombar com irradiação para o testículo intermitentemente, paciente fez uso de gel caseiro. Com a evolução, procurou unidade de saúde pelo edema testicular e inguinal esquerda, além de massa visível à inspeção que interferiam na deambulação. Iniciou anti‐inflamatório, e ampicilina injetável, sem melhora do quadro. Foi encaminhado pela CASAI ao urologista, realizou biópsia e cirurgia removedora de testículo. No pós‐operatório, apresentou melhora do quadro e voltou para a aldeia sem esperar o laudo da biópsia. Um mês depois, em janeiro de 2017, voltou a dor lombar e o edema inguinal com as mesmas características do quadro pré‐operatório. Retornou a CASAI, foi encaminhado a infectologia, e mediante o laudo da biopsia que atestou resultado de micropatologia nos nódulos para‐testiculares: processo inflamatório crônico granulomatoso, com grandes áreas de necrose de caseificação circundadas por granulomas do tipo tuberculoide. Com isso, foi iniciando o esquema RIP (Rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol), com duração de 6 meses. Durante o tratamento, paciente apresentou quadro de fraqueza, polidipsia, xerostomia e emagreceu 10kg em 3 meses. Com o tratamento, houve a resolução das lesões na região inguinal esquerda, paciente não apresentou mais dor na região lombar ou na região inguinal.
Discussão/Conclusão: Esse caso refere‐se a paciente concordante com a epidemiologia e clínica da doença e reafirma a dificuldade de diagnóstico descrita na literatura. Foi preconizado tratamento antibacilar com o esquema habitual; no entanto, em algumas situações, pode ser necessária intervenção cirúrgica.