12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa que constitui importante causa de mortalidade no Brasil. A TB pode acometer o pericárdio em 1% a 4% dos diagnosticados, resultando em uma manifestação clínica conhecida como pericardite tuberculosa (PT), que se manifesta na forma de efusão pericárdica ou de pericardite constritiva; quadro de difícil diagnóstico e pouco frequente. A PT relaciona‐se fortemente às patologias da AIDS, possuindo um quadro clínico variável e alta taxa de mortalidade associada à demora dos testes diagnósticos e do tratamento.
Objetivo: Relatar um caso de pericardite constritiva secundária à tuberculose em paciente infectado pelo HIV.
Metodologia: Paciente do sexo masculino, 23 anos, tabagista, com diagnóstico de HIV em fevereiro de 2020 (CD4 221 e CV 221.995), é admitido em setor de Enfermaria de Infectologia em Hospital Universitário com queixa de febre, dispneia, ascite, tosse seca, diarreia, edema generalizado progressivo e perda ponderal de 10kg cerca de 1 mês. Exames pós‐admissionais evidenciaram proteinúria e hematúria em uroanálise e derrame pleural loculado à direita. Foram introduzidos, inicialmente, diurético e restrição hídrica para compensação dos sintomas, mas mantinha febre e demais sintomas. Novos exames demonstraram nefropatia parenquimatosa em ultrassonografia, TRM‐TB em escarro com detecção para Mycobacterium tuberculosis e VDRL 1/128. Após, em ecocardiograma, demonstrou espessamento pericárdico e sinais sugestivos de pericardite constritiva, diagnóstico confirmado pela RNM com visualização do espessamento pericárdico com sinais inflamatórios e de calcificação. Em discussão conjunta com Cardiologia que se tratava de PT, foram iniciados corticoide e tuberculostáticos (RHZE), antirretrovirais na segunda semana (TDF+3TC+EFV), além de Penicilina Cristalina. Paciente evoluiu com melhora clínica, e alta para casa com seguimento ambulatorial. Hoje, apresenta carga viral de 64 cópias em exame de julho do corrente ano.
Discussão/Conclusão: O diagnóstico de PT não é simples na maioria dos casos. Características clínicas e fatores de risco devem ser considerados na avaliação inicial. No caso de pacientes HIV/AIDS, a manifestação clínica mais comum da PT é a efusão pericárdica. Para confirmação, o ecocardiograma corresponde à ferramenta inicial, auxiliada por RNM cardíaca ou TC torácica em casos de alteração. A cultura de escarro, lavado gástrico ou urina deve ser avaliada, visto que TB pulmonar ocorre em 30% dos casos de PT e derrame pleural em 40‐60%.