Malária é uma doença infecciosa, febril e aguda causada por protozoários do gênero Plasmodium transmitidos por mosquitos Anopheles. No Brasil, a maioria dos casos ocorre na região Amazônica e cerca de 90% são associados ao Plasmodium vivax. Há, entretanto, uma preocupação crescente com a malária que atinge viajantes não imunes e a ocorrência da transmissão na região extra-amazônica, levando tanto ao risco de importação quanto a desafios para suspeita precoce e tratamento correto e oportuno em regiões não-endêmicas.
ObjetivoCaracterizar epidemiologicamente os casos de malária investigados e tratados em serviço de referência em região extra-amazônica.
MétodoTrata-se de um estudo retrospectivo e descritivo a partir da análise de dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação dos casos de malária notificados em Núcleo de Epidemiologia Hospitalar de um serviço de referência do interior do estado de São Paulo. Foram selecionados os casos confirmados de malária entre os anos de 2007 e 2022. Foram analisadas as variáveis sociodemográficas (sexo, idade, procedência, local de infecção) e dados referentes ao diagnóstico laboratorial (espécie, indicadores de tempo para diagnóstico e tratamento).
ResultadosEntre os anos de 2007 e 2022, foram notificados 331 casos confirmados de malária. Das variáveis sociodemográficas, 79,7% eram do sexo masculino, com idade variando entre 29 dias de vida a 86 anos (mediana=38 anos). O ano com maior número de casos foi 2010 (36) e com menor número 2016 (5). Do total de casos, 96,7% tinham a informação do local de infecção no Brasil, destacando-se os estados do Amazonas (25,9%) e Rondônia (31,2%). Dos casos procedentes de outros países, 65,6% eram do continente africano, 31,2% das Américas e 3,2% da Ásia. Em relação à espécie diagnosticada houve o predomínio de P. vivax (70,7%), seguido de P. falciparum (26%), malária mista (Pv+Pf) em 1,8%, P. malarie (1,2%) e P. ovale (0,3%). Os intervalos de tempo entre o início dos sintomas-diagnóstico e o início de sintomas-tratamento variaram em ambos os casos de 0 a 99 dias (mediana = 6 dias).
ConclusãoOs resultados obtidos apontam para a importância de serviços de referência em áreas não endêmicas para o diagnóstico e tratamento da malária tanto para pacientes procedentes de áreas endêmicas da região Amazônica e continente africano, quanto de pacientes infectados em áreas extra-Amazônicas brasileiras.