12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença tropical negligenciada, a leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose transmitida por flebotomíneos Lutzomyia, possuindo como principais reservatórios, em meio urbano, os cães e, em ambiente silvestre, as raposas e os marsupiais. Assim como outros estados brasileiros, Goiás é área endêmica para LV e registra altas taxas de letalidade.
Objetivo: Delimitar o perfil epidemiológico, a partir de casos confirmados notificados de LV, em Goiás, por faixa etária, evolução, escolaridade, etnia e sexo, no período de 2015 a 2019.
Metodologia: Estudo epidemiológico descritivo observacional, com dados provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). Como critério de exclusão, foram descartados todos os casos com dados ignorados.
Resultados: Notou‐se que o maior índice de notificações de LV em Goiás ocorreu na faixa etária entre 0 e 19 anos, com taxa de 48,52%, o que também é visto em outros estudos. Essa maior suscetibilidade ocorre, possivelmente, devido ao contato mais frequente com o vetor, estado imunológico mais debilitado devido à desnutrição. A doença foi predominante no sexo masculino, representando 65,89% do total de casos notificados desse estado, achado que é concordante aos índices nacionais. Essa diferença entre os gêneros ocorre, provavelmente, em função da maior exposição ao vetor e aos fatores de risco. Em relação à etnia, a doença esteve mais associada à população parda (77,16%), fato concordante com achados a nível nacional. Sobre a escolaridade dos indivíduos infectados, 24,48% possuíam 5ª a 8ª série incompleta do Ensino Fundamental. Esse acometimento mais frequente em pessoas com baixa escolaridade também é confirmado em outros trabalhos. Por fim, 80,85% das notificações evoluíram para a cura da doença. Essa alta proporção de cura pode ser em função do preparo dos serviços de saúde do estado.
Discussão/Conclusão: A LV possui grande representatividade em Goiás, havendo mais casos em indivíduos jovens, masculinos, pardos, com ensino fundamental incompleto. A maioria dos pacientes têm prognóstico de cura, o que mostra o bom desenvolvimento das técnicas terapêuticas para o tratamento dos doentes. Contudo, a profilaxia da LV ainda é algo que as políticas públicas do Estado deixam a desejar.