A Leptospirose é uma zoonose correlacionada com as carentes condições de infraestrutura sanitárias, a precariedade econômica, a elevada infestação de roedores e os expressivos índices pluviométricos anuais. Têm como agentes etiológicos bactérias do gênero Leptospira, espiroquetas que afetam os rins e o fígado, progredindo com manifestações tardias, como insuficiência renal e icterícia, quando não tratada. Logo, o propósito desse resumo foi descrever o perfil epidemiológico e a distribuição espacial da leptospirose na Região Metropolitana de Recife, entre 2018 e 2019.
MétodosTrata-se de um estudo transversal, que utilizou dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), tabulados pelo Tabnet Datasus, alusivos aos casos de leptospirose notificados no Estado do Pernambuco, especificamente na Região Metropolitana de Recife, entre 2018 e 2019. Para a investigação, foram designadas variáveis sociodemográficas, como sexo e idade, além de variáveis clínico-epidemiológicas, como cura e óbito pelo agravo notificado.
ResultadosEntre 2018 e 2019, foram registrados 434 casos de leptospirose em Pernambuco. Destes, 389 (89,63%) ocorreram na Região Metropolitana do Recife, sobretudo em Recife (38,8%), sendo sexo masculino (81,5%) e a faixa etária mais prevalente entre 20 a 39 anos (34,96%). Observou-se ainda a prevalência desse agravo em Paulista (12,6%) e Cabo de Santo Agostinho (7,2%), sendo responsáveis por mais da metade dos casos. Esses dados atestam que o endemismo é agravado durante as enchentes, em que a escassa infraestrutura sanitária ligada ao aumento da disseminação do reservatório crônico, o roedor, contribui para a dispersão das leptospiras no ambiente. Ademais, em relação as variáveis clínico-epidemiológicas constataram-se o registro de 38 óbitos, sendo a faixa etária mais prevalente a de maior letalidade, além de 300 curados, tendo os demais óbitos outras causas, como mudanças de diagnóstico.
ConclusõesConhecer o perfil epidemiológico da leptospirose é essencial para ajudar a contê-la. Em Pernambuco, apesar de baixa letalidade, ainda se nota alta prevalência da doença, no sexo masculino e na faixa etária entre 20 a 39 anos, confirmando a hipótese do risco de evolução com efeitos sistêmicos, em idade economicamente ativa. Logo, é preciso investir em saneamento básico, a partir de uma adequada coleta seletiva do lixo e do tratamento correto do esgoto domiciliar para controlar a propagação desse agravo.