A leishmaniose tegumentar (LT) é uma doença infeciosa negligenciada e uma antropozoonose, que no Brasil é causada por diferentes espécies do protozoário Leishmania. Os vetores são insetos do gênero Lutzomyia, popularmente conhecidos como mosquitos birigui, palha e tatuquira. A doença constitui um problema de saúde pública em vários países, acomete pele e mucosas e é considerada pela Organização Mundial de Saúde uma doença de extrema importância, pela sua capacidade de causar deformidades. O Estado do Pará é considerado endêmico, principalmente por possuir condições propícias para a manutenção do ciclo de transmissão do protozoário, como desmatamento e degradação ambiental. Este trabalho tem como objetivo demonstrar o perfil clínico-epidemiológico da LT no município de Redenção, sudeste do Estado do Pará, no período de 2016 a 2020.
MetodologiaTrata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, de corte transversal com abordagem quantitativa. Os dados utilizados foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Redenção através do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN). Foram avaliados os casos de leishmaniose tegumentar diagnosticados no período supracitado.
ResultadosForam notificados 127 casos de LT no período. A forma cutânea corresponde a 97,6% (124) dos casos, enquanto a forma mucosa foi vista em 2,4% (3). Todos os casos foram confirmados por exame parasitológico. Quanto à evolução, 91,3% (116) curaram, 5,5% (7) abandonaram o tratamento, 2,4% (3) foram registrados como desfecho ignorado e foi registrado 1 óbito, em paciente com a forma mucosa. A droga mais usada no tratamento foi o antimonial pentavalente, em 89,8% (114) dos casos. A maioria dos casos, 85% (108) ocorreu em homens. A faixa etária de maior ocorrência foi de 25 a 44 anos, com 55,9% (71) dos casos. Quanto à ocupação, inclui trabalhadores envolvidos na agropecuária, garimpeiros, pedreiros, estudantes e donas de casa.
ConclusãoA LT ocorreu principalmente em homens, com predomínio da forma cutânea e em sua maioria na faixa etária economicamente ativa, concordando com a epidemiologia nacional. É necessário o fortalecimento de atividades de prevenção, educação em saúde e busca ativa a fim de diminuir os casos.