A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose característica de áreas tropicais, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma doença negligenciada. No Brasil, é causada pelo protozoário da espécie Leishmania chagasi, sendo uma infecção grave, com alta taxa de mortalidade se não tratada, principalmente em países em desenvolvimento. No Brasil, o principal vetor é a fêmea infectada do inseto denominado flebotomíneo, pertencente à espécie Lutzomyia longipalpis. O Estado do Pará, por ser uma região tropical, é considerado uma área endêmica. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é determinar o perfil clínico-epidemiológico dos casos de LV notificados em Redenção, sudeste do estado do Pará, entre os anos de 2016 e 2020.
MetodologiaTrata-se de estudo descritivo, retrospectivo, transversal, com abordagem quantitativa baseado nos casos de LV notificados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Redenção.
ResultadosForam notificados 190 casos de LV segundo os dados do SINAN/MS. Houve um predomínio no sexo masculino, correspondendo a 57,9% (110) dos casos. A faixa etária a mais acometida foi a de menores de 15 anos, com 39,5% (75) dos casos, sendo que 28,4% (54) dos casos aconteceram em crianças abaixo de 5 anos de idade. Adultos e idosos corresponderam a 32,1% e 12,6%, respectivamente. Quanto ao quadro clínico, observou-se febre em 93,7% (178), esplenomegalia em 69,5% (132), emagrecimento em 67,4% (128) e hepatomegalia 52% (99) dos casos. A coinfecção com HIV ocorreu em 6,3% (12) dos casos. O tratamento foi feito com antimonial pentavalente em 64,2% (122) e anfotericina B foi utilizada em 8,9% (17) dos casos. Óbitos por LV foram notificados em 1,6% (3) dos casos.
ConclusãoNesse estudo foram relatadas as características clínicas e epidemiológicas da Leishmaniose Visceral na cidade de Redenção, nos últimos 5 anos, ocorrendo predominantemente em pacientes do sexo masculino e mostrando uma maior ocorrência em menores de 15 anos. Sendo assim, é de suma importância compreender a situação epidemiológica e a evolução dessa doença em Redenção, para que sejam utilizadas como suporte para as ações de prevenção e controle dessa doença no município.