IV Congresso Goiano de Infectologia
More infoA dengue é uma arbovirose de incidência crescente em países de clima tropical, sendo no Brasil uma doença endêmica. Existem quatro sorotipos do vírus causador da dengue em humanos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. O acompanhamento do número de casos durante os períodos do ano nas regiões é de suma importância para a elaboração de estratégias de controle.
ObjetivoRevisar e analisar os números de casos ao longo dos meses, sorotipos mais prevalentes e o desfecho das notificações de dengue nos últimos 5 anos na Região Centro-Oeste (CO).
MetodologiaTrata-se de um estudo transversal de análise de dados do DATASUS. Limitou-se a busca para o período de 2019 a março de 2024. Foram avaliados os casos de dengue notificados na região CO do Brasil, o estado, os sorotipos, o mês, hospitalizações e óbitos.
ResultadosDurante o período de 2019 a 2024, ocorreram 1.276.647 notificações de dengue na região CO do Brasil. Os sorotipos mais prevalentes foram DENV-1 (57%) e DENV-2 (42,5%). Em 2022, havia sido registrado o maior número de casos notificados totalizando 341.205. No entanto, no primeiro bimestre de 2024 registrou-se 198.511 casos, superando em 335% o mesmo período em 2022 (59.171) e ainda resultando em um recorde de 8.965 hospitalizações. O estado mais afetado foi Goiás (218.555; 46,9%) e o mês de maior ocorrência foi fevereiro (250.778; 19,6%), correspondendo ao período pós-chuva na maioria dos estados. Apesar disso, a maioria dos casos (99,8%) evoluiu para a cura, embora 882 óbitos tenham sido registrados até o momento.
ConclusõesO aumento expressivo de casos em 2024 caracteriza uma epidemia ao superar o número de casos esperados (endêmico) para o período. A alta taxa de hospitalização está relacionada ao maior número de casos registrados no período e à ausência de vacinação da população até 2024. O número de casos e sorotipos prevalentes são importantes para a tomada de decisões e políticas públicas para o enfrentamento de epidemias. Apesar da introdução da vacina QDenga no SUS em 2024 não foi possível impedir a epidemia pelo momento tardio em que foi distribuída em relação ao momento de maior ocorrência da doença e pela sua baixa capacidade de produção, o que restringiu sua disponibilidade. Destaca-se a importância da conscientização e educação sobre medidas a serem instituídas para redução de criadouros de mosquitos, importância da vacinação, bem como incentivo para produção nacional em grande escala de vacinas quadrivalentes.