Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 2 ‐ Horário: 13:51‐13:56 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: Terapias combinadas com DAAs são altamente efetivas, independentemente do genótipo, estágio da doença e da história terapêutica da hepatite C. Entretanto, estão sujeitas a falhas em 2 a 5% dos casos, valores aparentemente desprezíveis se desconsiderarmos o universo de 71 milhões de infectados pelo HCV no mundo. Opções de retratamento ainda são limitadas e desafiadoras, especialmente se com uso prévio de inibidores de NS5A. Nesse cenário, a identificação de fatores associados à falha terapêutica se impõe na programação da terapia de resgate.
Objetivo: Descrever o perfil de pacientes com hepatite C crônica em falha terapêutica com DAAs.
Metodologia: Estudo transversal que incluiu pacientes tratados com DAAs de janeiro de 2016 a dezembro de 2017.
Resultado: De 251 pacientes tratados, 230 atingiram RVS e 12 não concluíram avaliação de resposta virológica. Nove evoluíram em falha terapêutica com taxa aproximada de insucesso de 4%, foram oito pacientes masculinos, entre 44‐64 anos, quatro previamente tratados, três coinfectados (CD4>500 céls/ml, 1 com carga viral HIV detectável) e seis cirróticos (quatro com hipertensão portal). Os genótipos observados foram 1A (2/3 casos) e 3, com carga viral HCV>500.000 UI/ml em seis indivíduos. Os fatores potencialmente implicados na falha terapêutica foram: regime terapêutico inadequado em três casos (dois cirróticos genótipo 3 com uso de SOF+DCV+RBV por 12 semanas conforme protocolo vigente na época e um cirrótico genótipo 1A Child‐Pugh B8 com uso de SOF+SMV+RBV por 12 semanas classificado como A6 à prescrição); interações medicamentosas em um caso (uso indevido de fenobarbital); tolerabilidade reduzida em todos os casos (seis cursavam com anemia e um com cegueira noturna); presença de comorbidades psiquiátricas em três casos (dois diagnósticos de depressão e um de esquizofrenia); uso abusivo de álcool em um caso, risco de reinfecção em um caso (HSH sem parceiro fixo) e adesão comprometida em vários casos (um relato de falha e três de atraso nas tomadas de DAAs, cinco faltosos a consultas e exames e um vulnerável social). Os pacientes exibiram em média dois a três fatores possivelmente associados ao insucesso.
Discussão/conclusão: Como o retratamento raramente constitui urgência, empreender criteriosa avaliação de fatores como adesão, regime terapêutico, interações medicamentosas, tolerabilidade, uso de álcool ou drogas, resistência, outros tópicos médicos e não médicos e risco de reinfecção pode ser diferencial, se considerarmos o frequente caráter multifatorial da falha e as limitações terapêuticas para resgate.