A prevalência de bactérias multirresistentes aumentou substancialmente com a pandemia da COVID-19.
ObjetivoO objetivo desde estudo é descrever o perfil de sensibilidade das bactérias isoladas em um hospital de campanha de COVID-19 em Salvador, Bahia.
MétodoEstudo de corte transversal, sendo avaliados os resultados de hemoculturas, uroculturas, culturas de aspirado traqueal e de ponta de cateter no período de maio 2020 a fevereiro 2022. Foram incluídos todas os pacientes que tiveram culturas positivas. Dados de sexo, idade, resultados de RT-PCR SARS-CoV-2, desfecho clínico e sensibilidade dos antimicrobianos foram coletados. Os dados foram analisados no SPSS (versão 20.0), através de estatística descritiva e inferencial. Foram considerados estatisticamente significantes os valores de p < 0,05.
ResultadosForam incluídos 429 pacientes internados, com 680 culturas positivas. A média de idade foi de 62,5 ± 14,7 anos, com 50,6% do sexo masculino. A taxa de infecção por COVID-19 foi de 80% e a taxa de mortalidade geral foi de 63,4%. Os microorganismos mais frequentemente isoladas foram Klebsiella pneumoniae (19,8%), Acinetobacter sp (14,7%), Pseudomonas sp (10,8%), Candida sp (8,9%), SCON (7,8%), Enterococo sp (5,1%), S aureus (4,5%). As bactérias com perfil de maior resistência ao Meropenem foram o Acinetobacter sp, seguido do Proteus sp, Klebsiella sp e Pseudomonas sp (98%, 65,5%, 61,2% e 51,6% respectivamente). Os dados mostraram uma melhora do perfil de sensibilidade aos carbapenêmicos das Pseudomonas sp e Serratia sp, quando comparados entre a primeira, segunda e terceira ondas. Infecção por Acinetobacter sp foi mais frequente no ano de 2020, estando associado a uma mortalidade de 79,8%, quando resistente aos carbapenêmicos (p < 0,0001). Paciente com COVID-19 e infecção por gram negativos resistentes a carbapenêmicos apresentaram maior taxa de óbito (80,4%), p < 0,008.
ConclusãoInfecção por bactérias gram negativas resistentes a meropenem foi associado a uma elevada taxa de mortalidade na população com COVID-19. Com o melhor conhecimento da evolução da COVID-19, foi possível diminuir o uso de antibióticos indiscriminadamente, adotar medidas mais rigorosas de uso de equipamentos de proteção individual e lavagens de mãos, havendo uma melhora no perfil de sensibilidade ao longo dos 2 anos de pandemia.