A COVID-19 é a doença causada pelo Coronavírus SARS-CoV-2. Apresenta quadro clínico variável, podendo cursar com apresentações assintomáticas a quadros respiratórios graves. É considerada um importante problema de saúde pública por se tratar de uma doença altamente transmissível e com significativa letalidade intra-hospitalar. Ao longo da pandemia, foram criados hospitais de campanha para atender a alta demanda de pacientes com necessidade de hospitalização. Dessa forma, é relevante definir o perfil clinico-epidemiológico e desfechos em uma coorte de pacientes internados devido à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo SARS-CoV-2.
MétodosCoorte clínica de pacientes com idade >= 18 anos, internados devido a SRAG por SARS-CoV-2 em um hospital de campanha de Goiânia. A coleta de dados foi realizada por meio da revisão de prontuários, cujos dados foram inseridos na plataforma RedCap e analisados de forma descritiva.
ResultadoDurante o período de abril a julho de 2020, foi avaliado um total 138 prontuários. Destes pacientes, 53% eram do sexo masculino, com mediana de idade de 57 anos, sendo 42% com idades acima de 61 anos, 38% com idades entre 41 e 60 anos e 20% com idades entre 21 e 40 anos. A média de dias de sintomas até a internação foi 6,3 dias. Dos 54% que apresentavam alguma comorbidade, 47% tinham doença cardiovascular, 49% obesidade, 28% diabetes e 8% alguma doença do trato respiratório. Clinicamente, 40% estiveram internados em unidade de terapia intensiva por uma mediana de 9 dias, 51,4% tiveram comprometimento do parênquima pulmonar > 50%, 21% necessitaram ventilação mecânica e, destes, 77% foram a óbito (IC95% 59-89). O RT-PCR foi o principal método diagnóstico utilizado para identificação da Covid-19 (91%). Como desfecho clínico, 75% receberam alta hospitalar, 21% evoluíram para óbito e 4% foram transferidos para outras instituições de saúde por motivos diversos.
ConclusãoOs dados deste estudo contribuem para o conhecimento e avaliação clínica dos pacientes com COVID-19 provenientes de hospitais de campanha, permitindo traçar um perfil epidemiológico e identificar principais tipos de comorbidades que estão relacionadas com a gravidade da doença, a fim de diminuir complicações clínicas e mortalidade. Na amostra coletada, podemos observar que a população mais afetada na primeira onda em Goiânia foi do sexo masculino, com idade acima de 61 anos e portadores de obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes.