XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoDe acordo com a Organização Mundial de Saúde, a gonorreia é a segunda infecção sexualmente transmissível (IST) bacteriana mais frequente no mundo, gerando um forte impacto econômico e social na população. No Brasil, os dados epidemiológicos sobre a gonorreia são escassos. Nesse contexto, é de suma importância conhecer as características clínicas e epidemiológicas dos indivíduos acometidos pela doença.
ObjetivoDescrever o perfil clínico e epidemiológico de pacientes atendidos entre outubro/2015 e dezembro/2016, em um centro de referência para IST na Bahia com diagnóstico de uretrite gonocócica resistente a ciprofloxacino.
MétodoTrata-se de um estudo de corte transversal envolvendo pacientes com diagnóstico de uretrite gonocócica, confirmada por métodos laboratoriais e com perfil de sensibilidade a antibióticos, que participaram de um programa sentinela multicêntrico, ocorrido entre outubro/2015 e dezembro/2016. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa em dezembro de 2018. Os dados foram obtidos através da revisão de prontuários. Foi realizada uma análise descritiva e estatística inferencial visando verificar associações entre a presença de resistência a ciprofloxacino com outras variáveis.
ResultadosNoventa e nove participantes foram incluídos no estudo. Foi encontrada resistência a ciprofloxacino em 53 pacientes. A média de idade dos pacientes com gonococos resistentes a ciprofloxacino foi de 25 anos. Desses pacientes, 64,2% eram pardos, 50,9% heterossexuais, 98,2% solteiros e procedentes da capital. Corrimento e disúria foram os sintomas mais frequentes e o esquema de tratamento empregado em maior escala foi a associação ciprofloxacino e azitromicina. A taxa de infecção pelo HIV entre os resistentes foi de 5,7% e por sífilis de 13,2%. Não houve casos de infecção pelo vírus HTLV e Hepatites B ou C. A história de gonorreia prévia foi um fator associado à ocorrência de resistência, sendo estatisticamente significante (p < 0,05).
ConclusãoEntre os pacientes com gonorreia resistente a ciprofloxacino predominaram os adultos jovens, heterossexuais, pardos e solteiros. O número de coinfectados por gonorreia e sífilis foi alto. Não houve disparidades relevantes entre fatores clínicos e epidemiológicos apresentados pelos pacientes dos grupos resistente e sensível. Foi encontrada associação entre passado de gonorreia e infecção por cepas resistentes, sugerindo que o uso prévio de antibiótico teve correlação com resistência.