12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Paracoccidioimicose (PCM) é uma micose sistêmica causada por fungos de duas principais espécies: Paracoccidioides brasiliensis e Paracoccidioides lutzii. Atinge principalmente homens jovens que exercem atividades rurais, sendo transmitida pela inalação de formas fúngicas infectantes. As formas clínicas da doença se dividem em PCM‐infecção, quando o indivíduo é assintomático, PCM‐doença, que ocorre de forma aguda/subaguda ou crônica, e PCM‐residual, baseada nas cicatrizes presentes após o tratamento. O padrão‐ouro para diagnóstico é a identificação direta do parasita. Os patógenos são especialmente sensíveis ao Itraconazol, Sulfametoxazol‐Trimetoprima e Anfoterricina B. Não há cura definitiva, pois é impossível eliminar o P. braziliensis do organismo.
Objetivo: Apresentar caso clínico de PCM subaguda‐juvenil com ênfase nas características cutâneas da doença
Metodologia: Homem, 23 anos, residente em Alto Taquari (MT), apresenta‐se em consulta com lesões tipo placas infiltradas, definidas, assintomáticas, com centro úlcero‐crostoso em face, couro cabeludo e tórax. Relata que as lesões iniciaram pelo couro cabeludo há 8 meses, com evolução para acometimento linfonodal maciço, como adenomegalia firme e confluente na região cervical, axilar e inguinal além de sintomas constitucionais como adinamia, anorexia e perda ponderal. Aos exames laboratoriais apresentava anemia (Hb 8,4), leucocitose com eosinofilia (15%), plaquetas 709.000, creatinina 2,0, FA 228 e GGT 104. Raio X de tórax sem alterações. O exame anatomopatológico das lesões cutâneas evidenciou intenso processo inflamatório crônico granulomatoso permeado de microrganismos compatíveis com P. brasiliensis. Frente ao diagnóstico de PCM subaguda juvenil com exuberante manifestação cutânea, foi introduzido o tratamento com Itraconazol e encaminhado o paciente para acompanhamento com a Infectologia.
Discussão/Conclusão: Ressaltamos a importância do caso pois a PCM é a oitava causa de mortalidade por doença infecciosa predominantemente crônica entre as causas infecciosas e parasitárias, mas apresenta literatura escassa e poucos dados científicos atualizados disponíveis. Além disso, frisamos a importância de considerar a patologia como diagnóstico diferencial, sempre que lesões cutâneas tipo úlcero‐verrucosas estiverem presentes. Uma vez que o acesso ao diagnóstico por meio das lesões de pele auxilia grandemente no processo diagnóstico.