12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A criptococose é uma micose sistêmica, primária ou secundária à outra enfermidade. “Cryptococcus neoformans” e “C. gatti” são espécies patogênicas. Outras espécies já foram relatadas em pacientes imunocomprometidos. A criptococose em felinos pode ser disseminada ou focal, principalmente com lesões no nariz, ou outras áreas da cabeça. Sinais neurológicos, como ataxia, podem ocorrer, dependendo do comprometimento do sistema nervoso central. O exame direto das amostras e o isolamento são importantes no diagnóstico da doença. Devido ao potencial zoonótico, torna‐se importante a vigilância epidemiológica.
Objetivo: Descrever o isolamento de “Cryptococcus” spp de dois felinos e correlacionar com sinais clínicos, assim como relatar a identificação laboratorial fenotípica do agente a partir de amostras obtidas destes pacientes, contribuindo para acompanhamento clínico e epidemiológico da doença.
Metodologia: O material foi oriundo de dois gatos domésticos, ambos sem raça definida, de locais distintos, um macho de idade indeterminada e outro fêmea com 14 anos. O primeiro animal apresentava abaulamento de narina e produção de secreção nasal abundante. O segundo animal, fêmea, apresentava sintomatologia neurológica, sem lesão na área nasal, mas com enfartamento de linfonodos e com histórico de acesso a áreas de jardins e contato com aves. Foram trabalhados respectivamente secreção nasal e líquor, processados no Laboratório de Leveduras Patogênicas e Ambientais e Serviço de Diagnóstico Microbiológico Veterinário da UFRRJ. A confecção de lâminas com Nigrosina, evidenciou leveduras esféricas encapsuladas e com brotamentos para ambas as amostras, características de “Cryptococcus” spp. Realizou‐se isolamento em agar Sabouraud com cloranfenicol a 35°C. Colônias de coloração levemente creme surgiram após 4 dias de semeadura, tornando‐se mucoides após alguns dias. Obteve‐se positividade em teste de produção de urease, assimilação de inositol e produção de melanina em meio DOPA. A identificação fenotípica, possibilitou apenas classificar a levedura como “Cryptococcus neformans” ou “C. gattii”. Não há dados sobre a evolução da doença no primeiro animal, mas o segundo foi a óbito.
Discussão/Conclusão: Evidencia‐se a relevância do exame direto, isolamento e outras provas laboratoriais para confirmação da criptococose em animais. Aspectos como a sintomatologia devem ser considerados, assim como a possibilidade de diagnóstico diferencial. A vigilância epidemiológica faz‐se importante.