Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 9 ‐ Horário: 14:05‐14:10 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A paracoccidioidomicose (PCM) é causada pelo Paracoccidioides spp. O contágio ocorre através do solo contaminado com o fungo, o meio rural é o mais propício para se adquirir a infecção. Na fase aguda/subaguda podem‐se observar adenopatias e fistulização, as cadeias cervical, axilar e inguinal são as mais acometidas. Outras doenças infecciosas podem estar associadas à PCM. A coinfecção entre tuberculose (TB) e PCM ocorre em 5,5‐19% dos casos, pode ocorrer simultânea ou sequencialmente, em decorrência da queda da imunidade celular.
Objetivo: Relatar a ocorrência de coinfecção entre PCM e TB em paciente imunocompetente.
Metodologia: VNA, 46 anos, masculino, trabalhador de marmoraria e granja, procedente de Montes Claros, MG. Apresentava linfonodomegalia em região cervical anterior e posterior, bilateral, com sinais flogísticos e dor à mobilização, associados a tosse seca, odinofagia, febre e perda ponderal. Sem comorbidades e internamentos prévios. Apresentava lesão ulcerada e dolorosa em palato mole à direita. O maior linfonodo tinha 5cm de diâmetro. A pesquisa de BAAR no escarro foi negativa e o teste rápido molecular positivo. Iniciado tratamento com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol (Ripe). Após 30 dias de tratamento mantinha os sintomas iniciais, com pioria respiratória e aumento linfonodal à direita. Feita punção de linfonodo cervical, o exame micológico direto evidenciou leveduras com brotamento características de Paracoccidioides brasiliensis. Associada ao tratamento anterior anfotericina B lipossomal 200mg/dia. Tomografia de tórax com opacidades pulmonares bilaterais, linfonodomegalias mediastinais e axilar à direita, algumas com centro necrótico. Nódulos sólidos, não calcificados, irregulares, por vezes escavados, distribuídos pelo parênquima, bilateralmente com predomínio em ápice. Notou‐se ainda espessamento dos septos inter e intralobulares associado a opacidades ramificadas, com padrão de árvore em brotamento e vidro fosco.
Discussão/conclusão: Considerando a raridade da coinfecção TB/PCM linfonodal em imunocompetente e a similaridade do quadro clínico de ambas, observamos com frequência o atraso diagnóstico e o retardo do tratamento. Devemos ressaltar a importância deste relato e valorizar a investigação diagnóstica constante, mormente quando as evoluções clínica e terapêutica estão dissonantes. A possibilidade de coinfecção deve estar presente nos diagnósticos diferenciais de doenças granulomatosas, principalmente quando há demora na resposta terapêutica.