12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A paracoccidioidomicose (PCM) é uma infecção fúngica sistêmica endêmica na América Latina sendo que cerca de 80% dos casos situam‐se no Brasil, nas regiões sudeste, sul e centro‐oeste. O Paracoccidioides spp. no meio ambiente natural está associado com regiões úmidas, precipitação média a alta, temperaturas amenas e presença de rios, florestas, áreas de lavouras agrícolas e em tatus. A fase primária da micose ocorre, normalmente, em indivíduos jovens como uma doença pulmonar autolimitada, e, raramente, progride para o estado agudo ou subagudo da infeçcão. Uma lesão que esteja latente pode ser reativada alguns anos após o primeiro contato com o fungo, originando uma doença pulmonar crônica, podendo ou não envolver outros órgãos. Nem todos os indivíduos apresentam manifestações pulmonares da doença, a infeção pode disseminar‐se para locais extrapulmonares, como pele e mucosa, linfonodos, glândulas adrenais, fígado e baço.
Objetivo: O presente relato trata‐se de um paciente do sexo masculino, 31 anos, com diagnóstico recente de HIV, natural do Hait, porém residente há 4 anos no Brasil em MG, que foi admitido no Hospital Eduardo de Menezes com epigastralgia, odinofagia, disfagia, vômitos frequentes, picos febris, anemia e neutopenia. O exame de endoscopia digestiva alta demonstrou ulcerações esofagianas, sugestivas de processo infeccioso por Citomegalovírus e o anatopatológico, esofagite crônica leve. Foi instituída uma antibioticoterapia empírica de amplo espectro e Ganciclovir 500mL/dia, por 21 dias. Durante a internação o paciente apresentou lesões disseminadas na pele das quais, após investigação laboratorial de biópsia, tiveram o exame micológico direto e a cultura fúngica positivos para o fungo Paracoccidioides spp. Posteriormente, o fungo foi isolado em amostras de sangue e de aspirado de medula óssea. Iniciou‐se o tratamento com anfotericina B 50mg/dia, por 14 dias, seguido por itraconazol 200mg/dia, por um ano. O paciente evolui com melhora clínica significativa da anemia, neutropenia, ganho de peso e cicatrização das lesões.
Discussão/Conclusão: Sabe‐se que no Brasil, cerca de 1,5% dos pacientes com AIDS apresentam paracoccidioidomicose oportunista, geralmente com lesões disseminadas, e que essa micose foi relacionada a 1,4% das mortes destes pacientes. Dessa forma, conclui‐se que o diagnóstico rápido e assertivo associado ao início imediato da terapia antifúngica foram cruciais para uma boa resposta clínica e sobrevida do paciente com paracoccidioidomicose disseminada.