12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A pandemia causada pelo SARS CoV 2 trouxe muitos desafios para as equipes assistenciais. Os pacientes podem evoluir com complicações clínicas que exigirão uma percepção mais apurada, para que seja feito um diagnóstico adequado. No trato gastro‐intestinal e no pâncreas há a expressão da ACE2 (enzima conversora de angiotensina 2), o que poderia explicar o envolvimento desses órgãos no curso da infecção em alguns pacientes. A pancreatite tem sido relatada em alguns pacientes com COVID 19, com evolução variável.
Objetivo: Avaliar a ocorrência de pancreatite nos pacientes internados por SARS CoV2 em hospital privado, a fim de estabelecer rotina de coleta desses exames (amilase e lipase) em pacientes com essa infecção viral.
Metodologia: Foram coletadas amostras de sangue de 257 pacientes internados com infecção pelo SARS CoV 2 entre os meses de abril e outubro de 2020, para análise de amilase e lipase. O valor de referência da amilase é 25‐115 U/L e da lipase é 73‐393 U/L.
Resultados: Dos 505 pacientes internados com COVID 19 em nossa instituição, 257 fizeram coleta de amilase e lipase. Desse total, 44 (17%) apresentaram alteração nesses exames. Em relação ao sexo, foram identificados 29 homens e 15 mulheres. Vinte e sete pacientes tinham mais que 60 anos, treze pacientes tinham entre 40‐59 anos e 4 pacientes entre 30‐39 anos. Do total de pacientes com exame alterado, 33 pacientes (75%) tiveram lipase de, pelo menos, duas vezes o valor de referência.
Discussão/Conclusão: Consideramos significativa as alterações de amilase e lipase observadas em vários pacientes. Alguns tiveram quadro clínico compatível, porém, em outros pacientes, por estarem sedados e em ventilação mecânica, essa suspeita foi levantada por sinais indiretos, tais como alterações de frequência cardíaca, febre e episódios de hipotensão. Todos os pacientes tiveram boa evolução clínica do ponto de vista da pancreatite. Concluímos que o acometimento pancreático pode ser mais frequente do que temos observado. Sugerimos que esses exames sejam feitos de rotina em pacientes internados com COVID.