O regime de dose empírica recomendado de Vancomicina frequentemente não atinge o alvo terapêutico em pacientes sépticos críticos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) contra as cepas mais comuns de Gram positivos com CIM> 1 mg/L, podendo impactar no desfecho clínico desejado.
ObjetivoO objetivo do trabalho foi comparar o regime de dose empírica de Vancomicina com o regime de dose ajustada com base na individualização da terapia antimicrobiana pela abordagem farmacocinética-farmacodinâmica (PK/PD) nos pacientes sépticos oncológicos com função renal preservada em terapia intensiva.
Material e métodosO estudo recebeu aprovação ética CAAE 81226617.8.1001.0065. O termo de consentimento foi assinado pelo responsável legal de cada paciente incluído. Nenhum dos autores possui conflito de interesse. Trinta e oito pacientes de ambos os gêneros (18F/20M),com função renal preservada, com ou sem vasopressores, receberam terapia com a Vancomicina no período precoce do choque séptico. Os pacientes foram distribuídos em dois grupos: 26 pacientes receberam a dose empírica de 15 mg/kg q12h (Grupo 1) de vancomicina, e 12 pacientes receberam a dose ajustada 22 mg/kg q12h (Grupo 2), medianas. Após atingir o estado de equilíbrio do antimicrobiano, coletaram-se amostras sanguíneas (4 mL/cada) na 3ª e na 11ª após o início da infusão de 1 hora, para o monitoramento do nível sérico realizado pelo método bioanalítico de imunoensaio automatizado. A abordagem PK/PD foi baseada nos níveis séricos da Vancomicina, que permitiu a estimativa do índice de predição de eficácia recomendado, dado pela razão da área sob a curva e a concentração inibitória mínima ASCss0-24/CIM, para o alvo terapêutico considerado ASCss0-24/CIM>400.
ResultadosEvidenciou-se diferença significativa (p < 0,05) entre os grupos com impacto na cobertura. O alvo terapêutico de ASCss0-24/CIM>400 foi atingido contra patógenos Gram positivos até CIM 1 mg/L para os pacientes dos dois grupos. Isolaram-se das culturas de sangue, fluidos e secreções apenas nove patógenos Gram-positivos, sendo 8/9 isolados de Staphylococus spp com CIM até 1 mg/L e Enterococcus faecalis com CIM 2 mg/L de apenas um paciente recebendo a dose empírica.
ConclusãoO desfecho desejado foi alcançado pela abordagem de PK/PD, uma vez que a erradicação do agente infeccioso ocorreu na maioria dos casos investigados. A individualização da terapia pela abordagem PK/PD permitiu a cobertura de Enterococcus faecalis com CIM 2 mg/L.